A gigante americana do comércio eletrônico Amazon enfrenta nesta sexta-feira (24) uma greve em vários países, onde seus trabalhadores aproveitaram a jornada de ofertas da "Black Friday" para exercer pressão em sua luta para melhorar as condições de trabalho.
Os funcionários em dezenas de países - entre eles Estados Unidos, França e Japão - foram convocados a protestar, juntando-se a uma campanha denominada "Make Amazon pay" (Faça a Amazon pagar), que reuniu 80 organizações para pedir melhores condições salariais e de trabalho.
"Desde 2020, organizamos quatro dias de ações globais e estamos ampliando cada vez mais o nosso movimento global para impedir que a Amazon explore os trabalhadores, as comunidades e o planeta", afirmaram os organizadores no site da campanha.
A "Black Friday" nasceu nos Estados Unidos e acontece sempre às sextas-feiras pós Dia de Ação de Graças, inaugurando o período de compras natalinas. A data tem sido replicada na Europa e em diversos países, inclusive no Brasil.
Na Espanha, o sindicato Comissões Operárias (CCOO, na sigla em espanhol) convocou uma paralisação de uma hora para a "Cyber Monday" de 27 de novembro e também uma greve de uma hora no dia seguinte a esta jornada de ofertas.
Na Alemanha, a paralisação convocada pelo sindicato Verdi começou no primeiro turno desta sexta e afeta cinco plantas que preparam os envios, do total de 20 pontos de logística que a Amazon tem no país.
Em um comunicado, o sindicato afirmou que busca uma melhora "dos salários e das condições de trabalho".
Um porta-voz da Amazon minimizou o impacto da greve e afirmou que os clientes "podem contar, como é habitual, que as entregas serão confiáveis e pontuais".
A Amazon informou que o salário de base na Alemanha é de 14 euros (R$ 75) por hora, acima do salário-mínimo de 12 euros por hora (R$ 64).
O sindicato Verdi baseia suas reivindicações na convenção coletiva do setor do comércio varejista, que a gigante americana se nega a firmar.
No Reino Unido, mais de mil pessoas participaram da greve, segundo os sindicatos.
"Mais de 1.000 pessoas fizeram greve [nesta sexta] e, no momento mais forte da paralisação, mais de 800 pessoas" cruzaram os braços ao mesmo tempo, indicou à AFP Stuart Richards, porta-voz do sindicato GMB.
Tendo em conta que a enorme planta de Coventry (centro) "alimenta outros armazéns, não há dúvida de que esta greve terá grande impacto" nas entregas dos pedidos gerados pela Amazon durante a "Black Friday", segundo Richards.
- Maior jornada de greve -
Os sindicatos consideram que esta "Black Friday" poderia ser a maior jornada de greve da história da Amazon, uma empresa avessa à atividade sindical. Contudo, para a gigante americana, esta paralisação não terá grande impacto em suas atividades.
Para Stuart Richards, a plataforma americana continua se recusando a dialogar com os grevistas, mas ele garante que o movimento social organizado pelo GMB há quase um ano levou a "Amazon a oferecer aumentos salariais" para um grande número de trabalhadores.
Segundo o GMB, esta medida continua sendo inferior às reivindicações dos empregados em greve, ou seja, uma remuneração de 15 libras (R$ 92,5) por hora, ante as 12 libras (R$ 74) obtidas até agora.
Cerca de 2.300 pessoas trabalham na planta de Coventry, segundo o GMB.
Procurado pela AFP, um porta-voz da Amazon no Reino Unido afirmou que o grupo revisa frequentemente "seus salários para garantir que ofereçamos pagamentos e vantagens competitivas".
"Daqui até abril, nosso nível de salário mais baixo terá subido para 12,30 libras ou 13 libras [R$ 75,8 ou R$ 80], segundo o lugar, ou seja, um aumento de 20% em dois anos e de 50% desde 2018."
Na Itália, houve "muita participação" em uma paralisação organizada na planta da Amazon em Piacenza, perto de Milão, segundo o sindicato Filcams Cgil.
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