O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, voltou a defender nesta sexta-feira (17/11) que o governo se esforce para alcançar a meta fiscal. A declaração foi dada em meio às discussões sobre possibilidade de alterar a meta de deficit zero para 2024.
Ele afirmou que, apesar de o mercado financeiro já prever um resultado fiscal pior do que o governo tem prometido, a mudança influencia as estimativas dos agentes econômicos, aumentando o prêmio de risco do Brasil.
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“Atualmente tem uma conversa grande se mantém a meta ou não. O mercado não acredita, acha que vai ter dificuldades para atingir”, disse, durante evento promovido pelos jornais Valor Econômico e O Globo, em São Paulo.
“Independentemente das dificuldades, é importante seguir na trajetória, mostrar que, independentemente das dificuldades, é importante insistir. Por isso estou me juntando ao coro com o Ministério da Fazenda, que é preciso (manter a meta), buscar receitas”, acrescentou.
Em uma vitória da equipe econômica, o governo anunciou, na quarta-feira (16/11), que deve manter a meta de déficit zero para 2024 pelo menos até março, quando será apresentado o primeiro relatório de avaliação de receitas e despesas.
Campos Neto destacou que o arcabouço fiscal acabou de ser aprovado e que a meta é um “jogo de credibilidade”. “Você gastou um tempo enorme desenhando o arcabouço. E o arcabouço já tem previsões do que acontece quando não consegue atingir as metas, tem previsão de penas, de contingenciamento. Você fez um arcabouço, lutou por ele, fez um trabalho de convencimento dos parlamentares, de comunicação com a sociedade”, destacou.
Juros do rotativo
Com o prazo se esgotando, o presidente do BC disse que ainda está trabalhando em uma alternativa para as mudanças que afetam o parcelado sem juros dentro das discussões sobre o rotativo do cartão de crédito.
A Câmara dos Deputados aprovou um projeto que prevê um teto para os juros do rotativo. A lei prevê que, se uma alternativa não for apresentada pelo grupo de trabalho liderado pela autoridade monetária até dezembro, o valor cobrado por dívidas não pagas no rotativo do cartão de crédito não poderá superar, depois de um ano, o dobro do montante original do débito.
Campos Neto assumiu que está enfrentando dificuldades para chegar a uma proposta de consenso entre bancos, maquininhas de cartão de crédito e demais agentes financeiros. Para ele, a regra aprovada pelo Congresso terá pouco impacto na redução dos juros e há um temor sobre a manutenção do acesso ao crédito. “A nossa preocupação é que venha alguma sugestão que acabe em uma ruptura no mercado de cartões.”
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