política econômica

Após desacreditar meta de deficit zero, Lula promete estabilidade fiscal

Depois de iniciar um debate sobre a necessidade de deficit zero nas contas públicas em 2024, presidente garante que não permitirá desajuste na economia

O chefe do Executivo, durante evento no Itamaraty: defesa do Estado como indutor do desenvolvimento -  (crédito:  Ricardo Stuckert/PR)
O chefe do Executivo, durante evento no Itamaraty: defesa do Estado como indutor do desenvolvimento - (crédito: Ricardo Stuckert/PR)
postado em 08/11/2023 04:00

Após desacreditar a meta de deficit zero nas contas públicas em 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o governo vai garantir a estabilidade fiscal no próximo ano. Lula defendeu o investimento público e disse que o estado não será reduzido, mas deve estimular a iniciativa privada a investir mais no país.

"Vamos garantir a estabilidade política, social, jurídica e fiscal, queremos garantir para vocês a possibilidade de usarem sua inteligência empresarial para que o país cresça cada vez mais", disse o presidente, durante a abertura do Brasil Investment Forum, evento de dois dias da Apex Brasil, que começou nesta terça-feira (7/11), no Itamaraty.

No fim de outubro, Lula afirmou que "dificilmente" o governo cumprirá a meta de zerar o deficit no próximo ano e que não cortaria nenhum gasto para que aquele objetivo fosse alcançado. A declaração constrangeu o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que, desde o início do governo, se comprometeu a perseguir a meta. Dias depois, o chefe do Executivo disse que dinheiro bom não é o que fica no Tesouro, mas aquele que se transforma em obras.

No evento desta terça, voltado para empresários brasileiros e estrangeiros, o presidente reforçou que não pretende vender ativos e defendeu o papel do Estado como indutor da economia. "A gente não precisa diminuir o Estado para valorizar a iniciativa privada", disse Lula. Ele ressaltou, ainda, que o governo não deve fazer investimentos para ocupar o espaço da iniciativa privada, mas para ajudar no desenvolvimento do país.

Dirigindo-se ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), Geraldo Alckmin, Lula propôs: "Em vez de 600 e pouco bilhões de dólares, por que a gente não estabelece meta de chegar a 1 trilhão de dólares de comércio exterior?"

Reservas

O presidente afirmou que as reservas internacionais são o lastro que garante a "estabilidade política e econômica" do país. Ele lembrou que foi durante o seu primeiro mandato (2003-2007) que o Brasil chegou aos primeiros US$ 100 bilhões em reservas. "Foi muita alegria quando nós chegamos aos nossos primeiros US$ 100 bilhões, depois chegamos a US$ 400 bilhões", disse. As reservas brasileiras somam, hoje, cerca de US$ 350 bilhões.

Alfinetando o antecessor, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Lula ainda disse que, com essas reservas, nem mesmo um "maluco" consegue desestabilizar o Brasil. "Mesmo quando tiver um maluco governando este país, essa estabilidade garantirá que a economia não desmorone", afirmou.

Quanto às perspectivas negativas da economia global em 2024, Lula destacou que o PIB (produto interno bruto) brasileiro deve crescer acima das previsões neste ano, mas reforçou a necessidade de que o crescimento econômico torne o Brasil um país de renda média, com maior distribuição da riqueza produzida.

"Este país chegou a ter o PIB crescendo 14% ao ano e o povo continuou pobre. A gente precisa fazer a economia crescer e o povo evoluir. Meu sonho não é ficar fazendo política social para os pobres", disse Lula.

 

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