Selic

Copom divulga ata com novas indicações de ritmo de corte de juros

Documento aponta que pelo menos mais dois cortes de juros de meio ponto estão previstos para as reuniões de dezembro e janeiro, para 11,25%

Na quarta-feira passada (1º/11), a decisão pela redução dos juros foi unânime entre os nove votantes do colegiado do Banco Central -  (crédito:  Foto: Raphael Ribeiro/BCB)
Na quarta-feira passada (1º/11), a decisão pela redução dos juros foi unânime entre os nove votantes do colegiado do Banco Central - (crédito: Foto: Raphael Ribeiro/BCB)
postado em 07/11/2023 10:32 / atualizado em 08/11/2023 16:49

O Banco Central (BC) divulgou, nesta terça-feira (8/11) a ata do Copom (Comitê de Política Monetária), que trouxe novas informações sobre a política de juros. No documento, referente à reunião da semana passada em que os juros foram reduzidos para 12,25%, a autoridade monetária reafirmou que os cortes continuarão a ocorrer em meio ponto percentual nos próximos encontros. Com isso, pelo menos em dezembro e janeiro, os juros caíram nessa mesma intensidade, para 11,25%.

Desde de agosto, o BC vem cortando a Selic, após deixar os juros estacionados em 13,75% por um ano. Na quarta-feira da semana passada, a decisão pela redução dos juros foi unânime entre os nove votantes do colegiado da autarquia. Na ata, a autarquia avaliou que o ritmo de corte de 0,50 ponto percentual na taxa Selic será mantido. "Esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, afirmou a ata. 

O documento ainda mencionou que o ritmo da diminuição da taxa de juros conjuga com as projeções do cenário econômico nacional. Optou-se por manter a comunicação recente, que já embute a condicionalidade apropriada em um ambiente incerto, especificando o curso de ação caso se confirme o cenário esperado”, escreveram os membros.

A redução dos juros reflete a queda dos índices de inflação no país e também a melhora das expectativas. Conforme o Boletim Focus, o mercado financeiro estima que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) vai encerrar o ano em 4,63%, dentro do limite de tolerância da meta (4,75%). Para 2024, a projeção está em 3,91%, e, para 2025, em 3,5%, também dentro da margem.

"Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas."

O especialista em crédito internacional Luciano Bravo, explicou que as quedas se concretizaram devido a melhora de alguns indicadores internos. “Como a queda de famílias endividadas, o aumento da atividade econômica, entre outros indicadores que o Brasil vem gradualmente melhorando”, disse. “Obviamente, essas quedas são a contribuição do BC para que o ambiente de negócios reaja com mais força”, declarou.

“Porém, tudo está muito atrelado a meta fiscal, a nova lei tributária que está em tramitação, e tudo isso precisa estar alinhado, para que os novos cortes se concretizem. Eu analiso esse corte, mais como uma boa fé do Banco Central, no que está sendo feito na economia brasileira pelo governo e a reação do mercado”, explicou o especialista.

Bravo pontuou ainda, que, os juros altos fazem o governo também pagar caro, porque os títulos do tesouro são atrelados a isso, e quanto mais alto forem os juros, a dívida do governo também será. “ Então a ideia é realmente criar um ponto de equilíbrio, porém, a previsão de juros para 2024 e 2025 aumentou. Ou seja, ela caiu esse ano em 0,5, mas aumentou nos outros anos.

“O grande ‘X’ da questão é como nós vamos fechar dezembro. Estamos com leis importantes sendo votadas e discutidas. O presidente Lula destravou várias pautas no Congresso, o que pode melhorar o cenário econômico, para que a queda dos juros continue, ou não vai melhorar, havendo, assim, uma reversão. Se olharmos tanto para o endividamento do governo que aumentou muito — em torno de R$ 98 bilhões —, quanto para a discussão já iniciada de abandonar o deficit zero, esse cenário pode mudar, meio que drasticamente de novembro para dezembro”, declarou o especialista.

"Estamos vendo um esforço do Banco Central maior para estimular a economia, através de uma política monetária mais expansiva. Contudo, o BC sinaliza uma cautela mantendo os cortes graduais para não desestabilizar o controle da inflação”, afirmou o advogado Paulo Silvestre de Oliveira.

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