REFORMA TRIBUTÁRIA

Haddad e Braga sinalizam um fundo maior para os estados

Governo pode ampliar valor de Fundo de Desenvolvimento Regional. Relator deve protocolar texto hoje

Na véspera da apresentação do relatório da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 45, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, concordou em elevar o valor do Fundo de Desenvolvimento Regional (FDR), conforme sugerido pelo relator, o senador Eduardo Braga (MDB-AM).

"Vamos ampliar um pouco (o valor do fundo), em um patamar suficiente para atender o pleito. O importante é votar a reforma agora", disse Haddad, após o encontro com o parlamentar, que ainda sinalizou alíquota diferenciada do novo imposto para profissional liberal.

O Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal (Consefaz) apresentoU para Braga um estudo apontando a necessidade de ampliação do fundo, de R$ 40 bilhões aprovado pelos deputados, para algo de R$ 75 bilhões a R$ 80 bilhões.

Braga sinalizou que o debate sobre o FDR, a ser criado para estimular o desenvolvimento econômico devido ao fim de incentivos fiscais, deverá se estender para além da apresentação de seu relatório, amanhã. "Há uma proposta e uma contraproposta em andamento. Se até amanhã à noite não houver entendimento, vamos apresentar uma proposta que já foi consolidada com o governo." Nem Braga nem Haddad revelaram os valores em discussão.

"Seis por meia dúzia"

Enquanto senadores estão inseguros quanto aos benefícios das reformas para os estados, especialistas temem que a nova reforma possa significar apenas a "troca de seis por meia dúzia", do ponto de vista da complexidade e da insegurança jurídica características do atual sistema tributário brasileiro.

Braga pretende protocolar o relatório da reforma tributária na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na noite de hoje, ficando a leitura para amanhã à tarde. A votação na comissão está prevista para 7 de novembro, considerando que haverá pedido coletivo de vistas na apresentação. Para a matéria ser aprovada no plenário da Casa, são necessários pelo menos 49 votos favoráveis.

"A proposta seria criar dois tributos (CBS e IBS) para substituir cinco (IPI, PIS/Cofins, ICMS e ISS). Mas com tantas alíquotas diferentes, a reforma troca os cinco atuais por quatro ou cinco. Ou seja, troca seis por meia dúzia. É mais do mesmo", disse o tributarista e vice-presidente da InvestBrasil, Lúcio Bastos. Para ele, existe o "agravante" da ausência de regulamentação da PEC. "Quando lemos a proposta, o que mais se vê é a indicação de que os artigos serão regulamentados por lei complementar. Essa insegurança permanecerá por pelo menos dois anos, até a votação dessas leis infraconstitucionais", observou.

A advogada tributarista, Andressa Saizaki, coordenadora do escritório Vernalha Pereira, especializado em infraestrutura, reforçou ainda que há inúmeras lacunas que podem impactar diretamente o setor de Infraestrutura do país, ocasionando, além da judicialização, o aumento tarifário aos usuários. Ela destacou a questão do equilíbrio econômico-financeiro dos contratos de longo prazo, que podem chegar a 35 anos. "Esses contratos são baseados em uma equação econômico-financeira, que precisa de um equilíbrio para que sejam perenes no tempo e não fiquem oscilando, gerando discussões judiciais."

Pauta congestionada

A pauta econômica no Congresso foi assunto de reunião também entre Haddad, o ministro das relações Institucionais, Alexandre Padilha, e os líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP). Além da reforma tributária, o governo trabalha para aprovação hoje, na Câmara, do projeto de lei que taxa as grandes fortunas, com mudanças na tributação dos fundos offshore e dos fundos exclusivos. "O ambiente que nós temos na Câmara é o mais positivo possível, inclusive foi firmado um acordo em conjunto com os líderes da base e da oposição para votação nesta semana", disse Padilha, ao término da reunião.

Outra proposta que o governo quer ver deslanchar é a que altera as regras de tributação dos incentivos fiscais do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e de subvenções de custeio e investimento. A matéria tramitava na Medida Provisória 1.185, mas por um acordo com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), o governo teve que convertê-la em projeto de lei. O texto foi encaminhado com pedido de urgência ontem à noite.

 

 

Mais Lidas