O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta quarta-feira (18/10) que o esforço do governo para controlar as contas públicas é semelhante ao da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. “Já estou aqui há quase cinco anos, passei por dois governos e muitas histórias são parecidas. Sempre olhando o que dá para cortar de gasto e é super complicado, temos um orçamento que é muito carimbado, muito indexado”, disse em evento do banco Credit Suisse, em São Paulo.
O chefe da autoridade monetária destacou ainda que a instituição costuma ter uma postura mais conservadora pois, segundo ele, os custos de errar para baixo na calibragem dos juros são maiores em países emergentes do que no mundo desenvolvido. “Quando você senta na cadeira do BC, você fica mais conservador quase que imediatamente. Em qualquer processo de ajuste monetário, há dois tipos de erro: fazer demais ou fazer de menos”, ponderou.
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“O BC sempre navega entre esses dois erros, não querendo cometer nenhum deles. Mas, no caso dos emergentes, o segundo tipo de erro tem um custo de credibilidade e um custo de reancoragem muito grande”, acrescentou.
Campos Neto negou ainda que tenha dado sinalizações sobre a política monetária a investidores em encontros fechados durante a reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI), que ocorreu no Marrocos na semana passada. “Em nenhum momento falei nada nem remotamente parecido com o que foi interpretado, de que a probabilidade de uma coisa era maior do que a outra”, disse, sobre os rumores de que probabilidade de a autarquia desacelerar o ritmo de cortes da taxa básica de juros (Selic) para 0,25 ponto percentual era maior que a de acelerar o ritmo para 0,75 ponto percentual.
O presidente do BC qualificou a questão como “ruído”. Além das contas públicas brasileiras, ele afirmou ainda que o BC está monitorando o crescente déficit fiscal dos Estados Unidos e chamou atenção para o fato de que, tirando Israel, os EUA foi a nação cujo risco-país mais subiu neste ano, quase dobrando.
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