ENTREVISTA

Presidente do INSS defende atendimento humanizado aos trabalhadores

Alessandro Stefanutto detalhou as ações para agilizar os atendimentos e admitiu que a realidade para agilizar as filas do recebimento de benefícios é "complicada"

Atualmente, a fila de espera por benefícios no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é estimada em 1,6 milhão de pessoas e um cidadão pode esperar por até 9 meses pelo resultado de uma perícia médica na busca por algum benefício trabalhista. Em entrevista ao programa CB.Poder, uma parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília, Alessandro Stefanutto, presidente do órgão, afirmou que a demora no atendimento, além de não causar orgulho, gera problemas sociais ao atrasar o pagamento de direitos dos trabalhadores. Segundo ele, o governo tem atuado na tentativa de reduzir as filas. "O número impressiona, mas o INSS recebe cerca de 1 milhão de requerimentos por mês. A fila não foi criada no nosso governo, ela vem de tempos".

Em conversa com o jornalista Carlos Alexandre de Sousa, Alessandro explicou que, embora haja vontade de reduzir as filas, a equação para tornar o feito uma realidade é "complicada", pois o número de pedidos de benefícios vem aumentando, por causa do crescimento do índice de envelhecimento populacional no país, e o número de servidores para atender as demandas não é suficiente. Na tentativa de solucionar essas questões, o governo tem investido em concurso públicos. O INSS espera a contratação de mais 1.800 servidores no órgão no próximo ano. 

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Outra medida é a simplificação da solicitação de benefícios por incapacidade temporária (antigo auxílio-doença), com a possibilidade de pedir o direito sem agendar o exame médico ou passar por perícia. A iniciativa é viabilizada por meio do Atestmed, que é uma análise documental que pode ser enviada pelo site ou pelo aplicativo "Meu INSS". "Hoje, de 6 a 7 dias o pedido está analisado", analisa o presidente do Instituto.

Além disso, Alessandro Stefanutto destaca que o órgão tem priorizado a humanização nos atendimentos. "No INSS, atendemos 38 milhões de pessoas por mês, é natural que algum problema aconteça. Mas como lidamos com isso? Com respeito ao brasileiro, temos que ter um canal direto. Estamos tirando a ideia de que o processo é um só um papel e que não tem ninguém por traz", explica o presidente do INSS. 

Stefanutto também criticou a tentativa de privatização da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev) no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a possibilidade de adoção de um modelo de capitalização na Previdência Social, em 2019. Segundo o presidente do INSS, houve "desestruturação e falta de investimento" na gestão anterior. Stefanutto, que é especialista em Previdência Social e Gestão, pontuou, ainda, que manter o nível de emprego e aumentar a produtividade são algumas das principais maneiras de garantir a viabilidade do sistema previdenciário brasileiro. 

"A sociedade brasileira está envelhecendo. Isso implica em menos gente trabalhando e mais aposentada. Algo muito importante para dar sustentabilidade ao sistema é manter o nível de emprego. Como se financia a Previdência? Quem trabalha, paga, e quem tá aposentado recebe de quem trabalha. Esse é o ciclo intergeracional", ressaltou.

Cuidados

Alessandro Stefanutto alertou para os riscos de fraudes ou golpes contra aposentados ou pessoas que buscam se aposentar. De acordo com ele, a fraude mais comum é é no campo cibernético, com invasão de redes no sistema. Mas ainda ocorre de golpistas entrarem em contato com os cidadãos, se passando por servidores do órgão, para obter acessos a dados bancários, por exemplo. "O INSS não cobra serviço, não pede pix, não pede para tirar foto de documentos por meio de ligação em celular", frisa o presidente do Instituto.

Outro ponto para ficar atento é sobre o fato de que o servidores do INSS só fazem visitas presenciais nos casos em que a pessoa fizer agendamento. Caso contrário, se alguém alegar ser do órgão, é importante suspeitar. Em caso de dúvidas, Stefanutto orienta que a população ligue para o número 135, que é a central de atendimento do INSS. 

Para agilizar o processo em busca de benefícios no INSS, o presidente do órgão recomenda que os cidadãos deixem os dados cadastrais sempre atualizados, "para quando chegar para se aposentar, não ter uma surpresa negativa". Outra dica para aqueles que têm perícia agendada do antigo auxílio-doença, para até 180 dias de afastamento, estarem atentos a possibilidade de pedir para que o atendimento seja adiantado, se possível. "Estamos tomando a posição ativa. Vamos mandar 400 mil cartas para os brasileiros que tem perícia marcada, para podermos adiantá-la", detalhou Alessandro.

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