Por Raphael Pati* — O Banco Central (BC) pretende implantar até o final de 2024 — no mais tardar, no começo de 2025 — a nova moeda digital brasileira: o Drex. Anunciado em agosto, a ideia da autoridade monetária é completar a inclusão da população no ambiente financeiro virtual oferecendo um produto seguro e, a princípio, a salvo de fraudes como pirâmides financeiras e que não sofra o desgaste da falta de regulação — e, portanto, ideal para crimes como lavagem de dinheiro e extorsão.
Somente no Brasil, 36% da população tinha algum investimento em produtos financeiros em 2022. Para este ano, a expectativa é que esse percentual cresça pelo menos cinco pontos percentuais. E, mais ainda, assim que o Drex estiver plenamente implantado.
A CBDC (sigla em inglês para Moeda Digital do Banco Central) brasileira é resultado de seis anos de estudos. Atualmente, mais de 425 milhões de pessoas já aplicaram valores em algum dos mais de 22 mil ativos cripto existentes atualmente. Desse total, em torno de 3,2 milhões são brasileiros, de acordo com dados da Receita Federal.
A criptomoeda mais famosa e mais utilizada também foi a primeira a surgir no mercado. O Bitcoin nasceu após a crise imobiliária de 2008, que completou 15 anos no último mês. Calcula-se que, atualmente, 210 milhões de usuários que investem neste ativo, o que corresponde a mais de 50% de todo o mercado global de criptos. Outras moedas que se destacam são a Ethereum, a Tether (USDT) e a USDC — as duas últimas pareadas com o dólar norte-americano.
Todas as criptomoedas operam em sistema de blockchain. Ou seja, uma espécie de livro de registros, que guarda e compartilha as informações referentes a um ativo financeiro, o que facilita a gravação de transações e rastreamento das moedas, por exemplo. Além disso, também garante segurança criptográfica para impedir que haja alteração nos dados registrados e a intermediação de outros agentes, além do próprio usuário e do fornecedor.
Insegurança
Mesmo assim, o sistema operacional das bitcoins não é imune a ataques de hackers. Casos recentes de perdas milionárias de dinheiro revelaram que a carteira de fundos da criptomoeda pode sofrer ataques apesar de todos os dispositivos de proteção. Um dos mais recentes episódios foi o de um casal russo, preso no ano passado, que conseguiu lavar 119.754 Bitcoins — o equivalente a cerca de US$ 4,5 bilhões, conforme cálculos feitos em fevereiro de 2022. A dupla agia por meio de identidades falsas e não deixava rastros em cada transação que praticavam.
Além dos riscos relacionados à segurança do sistema, as criptomoedas ainda podem ser suscetíveis a bolhas financeiras — que ocorrem quando investidores negociam ativos em valores acima do real. Com isso, é inevitável que haja uma queda abrupta dos papéis, deixando um rastro de prejuízo.
Sobre isso, o economista e professor da Universidade de Brasília (UnB) César Bergo explica que para quem deseja investir em ativos cripto, é necessário tomar cuidado com as corretoras. "Existem as mal intencionadas, que não estão registradas adequadamente, e utilizam esse desconhecimento das pessoas para aplicar golpe. A bolha pode acontecer na medida em que há essa utilização inadequada da criptomoeda, que é muito especulativa. As pessoas devem ter esse conhecimento de que, entrando nesse ambiente, correm muito risco e não têm nenhuma garantia", salienta.
Mas, ao contrário dos ativos cripto, as CBDCs operam em um sistema próprio. É o caso do Drex. "Nessa plataforma, haverá regras para garantir a segurança, a privacidade e a legalidade das transações", explicou ao Correio o coordenador do projeto do Drex no BC, Fábio Araújo. "Além disso, o Drex contará com formas de identificação e de criptografia modernos e fornecerá, no mínimo, a mesma segurança que temos hoje nas transações on-line", destacou.
O Drex funcionará como uma moeda oficial, em um sistema gerido pela autoridade monetária, e se distingue do Pix — que é um meio de pagamento, tal como os cartões de crédito e débito e os quase extintos talões de cheque.
*Estagiário sob a supervisão de Fabio Grecchi
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