O primeiro dia de operações do mercado financeiro após os ataques do grupo terrorista Hamas ao território israelense foi marcado pelo forte aumento do preço do barril de petróleo ao longo do dia. O Brent (que classifica o petróleo cru), subiu 4,2% nesta segunda-feira (9/10), e passou a valer acima dos US$ 88. O aumento causou efeito nas ações da Petrobras (PETR4), que encerraram o pregão com intensa valorização de 4,29%.
O aumento do preço do petróleo já era esperado pelo mercado financeiro, visto que o Oriente Médio é a principal região produtora do planeta e corre riscos de intensificação do conflito iniciado em Israel. O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, acredita que haverá volatilidade no valor desse produto nos próximos meses, mas revela estar confiante com a atual política de preços adotada pela estatal. “(A situação) vai mostrar como é útil e como está dando certo a política de preços atual, pelo menos da Petrobras, como ela é capaz de mitigar um pouco esses efeitos”, avaliou Prates, na manhã desta segunda.
Além disso, o diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, definiu que ainda é cedo para alterar a condução da política do BC, que atualmente está em ritmo de queda na taxa de juros. “A expectativa em relação à evolução do preço do petróleo está muito associada, no mercado, ao nível de envolvimento do Irã — o quanto o conflito permanece mais regional e o quanto ele se estende”, completou.
Com isso, o Ibovespa encerrou o dia em alta de 0,86%, aos 115.156 pontos, alavancado pelas ações da Petrobras. O câmbio do dólar norte-americano apresentou variação negativa de 0,62%, e fechou o pregão desta segunda aos R$ 5,13.
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Conflito atinge bolsas mundo afora
Mesmo com um dia marcado por incertezas, devido ao estouro do conflito na Ásia, as bolsas mundo afora apresentaram pouca variação ao longo do dia. O Índice Dow Jones, dos EUA, subiu 0,59% nesta segunda, enquanto que as bolsas europeias fecharam em queda. O Índice de Frankfurt (DAX), na Alemanha, caiu 0,67%, o de Paris (CAC 40), na França, recuou 0,55% e o de Milão, na Itália, teve queda de 0,46%.
No mundo inteiro, as ações que mais sofreram com a intensificação do conflito árabe-israelense foram as de companhias aéreas. Na Europa e nos EUA, diversas empresas cancelaram voos para Israel, com receio em relação à segurança do espaço aéreo no país asiático.
Aéreas sofrem queda
Embora não haja voos diretos entre Brasil e Israel, a companhias brasileiras também foram impactadas devido ao súbito aumento no preço do petróleo Brent. As ações da Azul (AZUL4) tiveram a segunda maior queda do dia, de 2,97%, enquanto que as da Gol (GOLL4) chegaram a cair próximo aos 5% pela manhã, mas recuperaram as perdas e encerraram o pregão no zero-a-zero, com variação nula.
Para o especialista no setor aéreo e doutor em Economia pela USP, Gilson de Lima Garófalo, é nítido que há um temor das companhias por conta do conflito em Israel, visto que aproximadamente 40% dos custos das empresas são atrelados ao preço da Querosene de Aviação (QAV). Mesmo assim, o doutor acredita que as despesas com a segurança devem ser maiores.
“Quanto ao que aconteceu na Bolsa de Valores (queda nas ações das companhias aéreas) é importante realçar que é o local de altas e baixas, de forma que, da mesma maneira, as ações sofrem queda em uma data, e em outra oscilam para cima. E os especuladores estão sempre de plantão, interessados em aquisições na baixa e venderem na alta", avalia o especialista.
*Estagiário sob a supervisão de Ronayre Nunes
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