A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) espera que a demanda global de petróleo continue aumentando até 2045, de acordo com as suas novas projeções, dados que vão na direção oposta aos esforços para limitar a mudança climática.
"O nosso cenário de referência prevê que a demanda de petróleo atinja os 116 milhões de barris por dia (mbd) em 2045, cerca de 6 mbd a mais" em relação a uma estimativa anterior para 2022 (109,8 mbd), indicou a organização no seu relatório de 2023 publicado nesta segunda-feira (9/10).
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Esta procura tem "potencial para ser ainda maior", afirmou o secretário-geral do cartel, o kuwaitiano Haitham Al Ghais.
"O que está claro é que o mundo continuará precisando de mais energia nas próximas décadas", destacou na introdução do relatório sobre as perspectivas da demanda global de petróleo.
O documento, de 298 páginas, foi publicado menos de oito semanas antes da próxima reunião global sobre o clima, a COP28, em Dubai, que abordará o futuro dos combustíveis fósseis.
De acordo com a Opep, a demanda global de petróleo será impulsionada pelos países que não pertencem à OCDE, com a Índia na liderança, enquanto diminuirá nos países-membros da organização.
O cartel prevê um aumento na procura de petróleo de 16,5% até 2045 em comparação com 2022 (99,6 mbd). Especificamente, espera-se que aumente para 106,1 mbd em 2025, 112 mbd em 2030, antes de aumentar mais moderadamente a partir de 2035, passando de 114,4 mbd para 116 mbd em 2045.
Sem "solução única"
As previsões da Opep baseiam-se em um cenário de referência que adota "uma abordagem realista da demanda energética global e da demanda de petróleo".
O cartel dos países exportadores de petróleo destaca que "não existe uma solução única para responder ao crescimento global das necessidades energéticas", em um momento em que há uma aposta crescente nos veículos elétricos e na energia solar.
Para a Opep, a demanda de petróleo só poderá ser cumprida com investimentos estimados em 14 trilhões de dólares (72,6 trilhões de reais na cotação atual) no setor entre agora e 2045, ou seja, cerca de 610 bilhões de dólares (3,1 trilhões de reais) em média por ano.
"É benéfico tanto para os produtores como para os consumidores", segundo Haitham Al Ghais.
Este discurso coincide com o dos Emirados Árabes Unidos, membro da Opep e organizador da COP28, cujo presidente Sultan Al Jaber reiterou que não é possível desligar o atual sistema energético e que é necessário começar a triplicar a capacidade das energias renováveis.
O cenário parece contradizer o proposto pela Agência Internacional de Energia (AIE) para que o mundo alcance a neutralidade do carbono em 2050 e limite o aquecimento global a +1,5°C em comparação com a era pré-industrial.
Em 2021, a agência da OCDE surpreendeu o mundo ao apelar ao abandono imediato de todos os novos projetos de exploração de hidrocarbonetos.
A Opep respondeu com uma advertência. "Os apelos para deter os investimentos em novos projetos são equivocados e podem levar ao caos energético e econômico", alertou Haitham Al Ghais.
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