O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, pretende se reunir com representantes do setor financeiro para encontrar uma solução para as mudanças em torno do crédito rotativo no âmbito do Conselho Monetário Nacional (CMN). Para ele, é necessário uma solução estrutural para o setor.
“O que tem hoje dizendo é que você tem algum tipo de autorregulação que deve ser encontrada pelo CMN, e que, se isso não for feito em 90 dias, vai para uma solução onde o máximo que poderia pagar em juros é 100% do principal”, afirmou o presidente do BC, aos jornalistas, durante a apresentação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI). “Precisamos achar uma solução mais estrutural. Eu não posso dizer aqui qual a solução, pois não depende só do Banco Central, e é uma coisa que está sendo conversada mais amplamente”, disse.
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De acordo com o chefe da autoridade monetária, nesses 90 dias, ele pretende fazer uma reunião com representantes de todos os setores, com todos envolvidos, para buscar uma solução estrutural e de longo prazo. “E, melhor, para a gente evitar que esse problema do bolo de crédito rotativo subindo constantemente, com a taxa de juros alta e inadimplência alta, em algum momento, seja um problema que possa afetar as pessoas de forma mais definitiva, e por consequência afetando o consumo também”, afirmou.
O parcelamento dos juros é um tema do CMN, que vai ser discutido, segundo Campos Neto, apesar da forte resistência de vários setores. “A gente precisa todo mundo sentar e discutir e falar: ‘olha, a solução é uma solução onde precisa cada um ceder um pouco'”, afirmou. “Esse debate tem que ser muito mais amplo, junto com o Ministério da Fazenda, e a gente precisa também deixar claro que a gente tem um problema onde o bolo de crédito segue subindo, com uma inadimplência cada vez mais alta, e com uma taxa de juros cada vez mais alta”, afirmou ele, reforçando a necessidade de uma solução estrutural.
Nesta quinta-feira, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado Federal, aprovou o conteúdo da Medida Provisória do programa Desenrola, de negociação de dívidas e impõe limites para os juros do rotativo do cartão de crédito. A proposta segue para análise em plenário e tem que ser aprovada até o dia 3 de outubro para não perder a validade.