Ata do Copom

Juros: Banco Central descarta possibilidade de acelerar cortes

Selic vai cair 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões do colegiado. Redução mais intensam, segundo ata da última reunião, dependeria de "surpresas positivas substanciais" nas expectativas de inflação

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), divulgada nesta terça-feira (26/9), informa que os membros do grupo "concordaram unanimamente" com a expectativa de novos cortes de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros nas próximas reuniões. Mas o comitê considera pouco provável uma intensificação do ritmo de alívio monetário, uma vez que isso exigiria "surpresas positivas substanciais" que elevassem a confiança na dinâmica de queda da inflação nos próximos meses.

Segundo o documento, essa confiança viria apenas com "uma alteração significativa dos fundamentos da dinâmica da inflação, como uma reancoragem mais sólida das expectativas, uma abertura contundente do hiato do produto ou uma dinâmica mais benigna do que a esperada da inflação de serviços".

"O Comitê seguiu avaliando que, entre as possibilidades que justificariam observarmos expectativas de inflação acima da meta, estariam as preocupações no âmbito fiscal, receios com a desinflação global e a possível percepção, por parte de analistas, de que o Copom, ao longo do tempo, poderia se tornar mais leniente no combate à inflação", diz o texto.

A ata, além disso, reforçou a preocupação com a elevação das taxas de juros de longo prazo dos Estados Unidos (veja matéria abaixo), que têm valorizado o dólar ante o real, o que é um fator de pressão inflacionária.

Dessa forma, o ritmo de 0,50 ponto percentual foi considerado pelos diretores do BC como apropriado, nas próximas reuniões, para manter a política monetária contracionista necessária ao processo desinflacionário.

Copom reduziu probabilidade de cenários alternativos

Para a economista da TC investimentos Marianna Costa, o Banco Central indicou de forma clara qual deve ser o passo do ciclo de afrouxamento e reduziu de forma relevante a probabilidade de cenários alternativos. "Entendemos que a Selic chegará a 11,75% no fim de 2023 e a 10,25% em maio de 2024. O ritmo a partir daí segue em aberto, com a possibilidade de a política fiscal limitar uma queda mais expressiva", disse a economista.

Segundo o estrategista-chefe da Warren Rena, Sérgio Goldenstein, o tom do Copom foi duro. "A ata mostrou maior preocupação com o desvio das expectativas de inflação com relação à meta; um julgamento de que a evolução benigna do cenário corrente de inflação ocorreu em consonância com o que já era esperado (e não melhor); uma descrição mais detalhada das preocupações com o cenário externo; a incerteza do mercado com relação à execução da política fiscal; e a possibilidade de uma taxa de juros neutra mais elevada", pontuou.

 

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