A balança comercial brasileira registrou superavit comercial de US$ 2,8 bilhões na segunda semana de setembro, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Entre os principais benefícios do bom desempenho estão a redução de risco cambial, possibilidades de investimento em infraestrutura, estímulo ao crescimento econômico e maior negociação de fretes mais favoráveis.
Após dois anos de oscilações com os impactos da pandemia da covid-19, o preço do frete marítimo ainda é um desafio para o setor produtivo brasileiro. Segundo o levantamento Consulta Empresarial: Logística Internacional, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o aumento do preço foi o principal problema nos negócios para 90% das empresas com operações de comércio exterior.
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Embora a estabilidade dos preços dependa de uma série de fatores, o Brasil pode se beneficiar da alta demanda das exportações de itens para ter mais influência nas negociações de preços e condições de frete marítimo, segundo avaliação de Leonora Baneza, especialista de Pricing da logtech Nowports. “Os armadores e transportadoras podem estar mais dispostos a oferecer tarifas competitivas e condições mais favoráveis, uma vez que há uma demanda crescente por seus serviços devido ao aumento das exportações.”
Transporte aquaviário bate recorde
Segundo a Câmara Internacional de Navegação, cerca de 90% de todo o comércio internacional é deslocado via transporte marítimo. No Brasil, um dado importante do transporte aquaviário pode animar o segmento: o setor apresentou recorde histórico entre janeiro e junho de 2023. O levantamento do Estatístico Aquaviário da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) registrou a movimentação de 616 milhões de toneladas.
Na opinião de Leonora, o transporte marítimo oferece vantagens econômicas e sustentáveis, mas ainda carece de investimentos em infraestrutura para dar um salto de competitividade em relação aos demais modais. “O Brasil possui uma vasta extensão litorânea e muitas cidades são cortadas por rios navegáveis, além de ser uma opção mais sustentável e econômica para o transporte de grandes volumes de cargas em longas distâncias. Porém, ainda há necessidade de maior investimento em infraestrutura portuária e pouco recurso e incentivo para o desenvolvimento do setor.”
Variação no custo do frete
De acordo com uma pesquisa realizada pela Vixtra, fintech de comércio exterior, o custo do frete marítimo chegou a atingir 8,4% do valor do produto importado nos últimos quatro anos. Em 2019, a taxa era de 3,7% e aumentou para 4,4% em 2020. Em 2021, registrou um crescimento para 6,9% e posteriormente se estabilizou em 7,2% durante 2022. Contudo, nos primeiros meses de 2023, houve uma diminuição para 5,4%. O levantamento teve como base dados disponibilizados pelo Ministério da Economia, e analisou o cenário de 2019 até o primeiro trimestre deste ano.
Chama atenção o fato de que, apesar da pandemia ter iniciado em 2020, o pico do custo do frete se deu nos dois anos seguintes. "Embora a conjuntura pandêmica tenha afetado profundamente as cadeias de suprimentos e o transporte em 2020, é importante considerar que o setor logístico enfrentou desafios adicionais em 2021, como redução de mão de obra no setor de transporte interno (truck) e terminais portuários trabalhando acima da capacidade. Esses problemas geraram outros novos, como escassez de contêineres, atrasos e congestionamentos”, explica Leonardo Baltieri, co-CEO da Vixtra.
"Já em 2022, ainda se recuperando dos impactos desses eventos, o início da guerra na Ucrânia impactou fortemente as cadeiras de distribuição e as operações logísticas, provocando atrasos e aumento no preço de diversos commodities, inclusive, os combustíveis. Vale destacar que no ano passado, apesar de todos os acontecimentos, as economias globais ensaiavam uma retomada de suas economias, o que impulsionou a demanda por transporte de cargas, contribuindo para o aumento no preço do frete", completa o executivo.
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