Um dia após se reunir pela primeira vez com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, aproveitou a apresentação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), nesta quinta-feira (28/9), para mandar uma mensagem aos servidores da autoridade monetária. Além de elogiar os trabalhadores, afirmando que defende a valorização da carreira, neste momento de “assimetrias” no funcionalismo, Campos Neto garantiu que fará “todo o possível” para corrigir as distorções.
“A gente reconhece que é importante, e eu acho que, agora, mais do que nunca, (é preciso) todos estarem juntos para valorizar o trabalho e valorizar a carreira do Banco Central. Então, eu queria reiterar aqui o meu apoio, o da diretoria colegiada ao movimento”, afirmou ele. Os servidores da instituição estão em operação padrão há cerca de dois meses, reivindicando a reestruturação da carreira.
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“Nesses cinco anos que estou aqui, fico cada dia mais impressionado com o valor do que tem sido feito pelos servidores do Banco Central. Eu queria que vocês soubessem do meu apoio. Eu vou fazer todo o possível para corrigir distorções, para valorizar a carreira”, frisou.
Campos Neto reforçou ainda que o BC tem cumprido “uma missão difícil” na condução da política monetária, desde a pandemia da covid-19, e, nesse processo, agradeceu o empenho dos servidores que colaboraram com o trabalho remoto “com muita intensidade”, especialmente para colaborar nas agendas importantes e sociais, como o lançamento do Pix, a educação financeira e o microcrédito. “O BC tem cumprido o papel de cumprir o mandato e uma agenda paralela de forma exemplar”, disse.
O Relatório de Inflação, apresentado pelo diretor de Política Econômica do BC e por Campos Neto, revisou de 2% para 2,9% a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, mas fez alertas sobre o aumento dos riscos inflacionários, especialmente por conta do aumento dos preços do petróleo, e piora do cenário externo, com aumento de incertezas em relação ao crescimento da China.
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Pauta de mudanças
A pauta dos servidores do Banco Central destaca mudanças na reestruturação de carreira dos servidores do Banco Central do Brasil como:
- Criação de uma Retribuição por Produtividade para os Especialistas do BC;
- Exigência de ensino superior para o cargo de Técnico do BC (os servidores têm pedido que o cargo de técnico seja considerado como de nível superior, o que implicaria em uma mudança na qualificação necessária para ingressar nessa carreira);
- Alteração de nomenclatura para o cargo de Analista (a proposta também envolve a alteração de nomenclatura para o cargo de Analista para Auditor, termo mais condizente com as atividades realizadas e com a importância do respectivo cargo).
“Sem a reestruturação completa da carreira, os representantes dos servidores do BC preveem um inevitável desmantelamento da carreira de Especialista do BC — situação que vem se agudizando na última década, com reajustes abaixo da inflação e com as crescentes assimetrias em relação a carreiras congêneres”, destacou nota do Sinal, sindicato da categoria.
A próxima fase do movimento será marcada pela intensificação da operação-padrão no órgão. A escalada da mobilização visa enfatizar dois aspectos:
- Atrasos na implementação do Pix parcelado e de outras modalidades do Pix. Estes atrasos poderão repercutir significativamente tanto para os serviços bancários como para o público em geral.
- Retrocesso nos Projetos Drex: estão igualmente previstos atrasos dos projetos Drex, que envolvem a introdução da nova moeda digital do banco. Este revés poderá perturbar o progresso pretendido na modernização dos serviços financeiros.
“O Sinal está igualmente elaborando listas de servidores em cargos de liderança, para facilitar uma entrega coletiva dos cargos, caso a situação venha a escalar. Este processo pode causar desafios de gestão dentro do banco, sublinhando questões como urgência e eficácia”, completou a nota.
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