O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, expressou ontem preocupação com a possibilidade de eleição do candidato de extrema-direita, Javier Milei, para a presidência da Argentina. O chefe da equipe econômica afirmou que uma eventual vitória do candidato argentino põe em risco a continuidade do Mercosul. A afirmação foi feita durante o 18º Fórum de Economia promovido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), em São Paulo.
“O Mercosul está em risco sobretudo pelos eventos próximos que podem ocorrer no nosso principal parceiro comercial. Não se sabe o alcance da narrativa do candidato que lidera as pesquisas na Argentina”, alertou.
Milei foi o candidato mais votado nas eleições primárias argentinas, em agosto, e segue como favorito segundo as pesquisas de opinião divulgadas até o momento. O candidato tem uma plataforma ultraliberal no campo da economia, em que defende até o fim do Banco Central. O candidato deu declarações também contra a continuidade do Mercosul — bloco de integração regional que reúne como membros Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, além da Venezuela, que está suspensa.
Bloco europeu
Para fazer contraponto a essa movimentação, Haddad acredita que seja importante concretizar o acordo do bloco sul-americano com a União Europeia, que está em negociação. “O acordo com a União Europeia seria um antídoto, inclusive, contra medidas que pudessem desorganizar a região”, comentou o ministro.
Apesar reconhecer dificuldades na negociação, Haddad acredita na formalização do acordo entre os dois blocos econômicos ainda em 2023. “Há possibilidade de firmar um acordo com a União Europeia ainda este ano. O presidente Lula está pessoalmente empenhado nessa tarefa de firmar o acordo. Há resistência na Europa, sobretudo da França, em relação à abertura do mercado europeu a produtos brasileiros. Mas, eu penso que há também o desejo, até porque não tem muito para onde se caminhar”, contextualizou Haddad.
Além da Europa, o ministro avalia que seja de interesse do Brasil estreitar laços com os Estados Unidos, principalmente para o desenvolvimento de tecnologias que reduzam o impacto ambiental da geração de energia. “Penso que, um acordo de cooperação com os Estados Unidos seria um coroamento de uma política multilateral importante que é a expressão do que o presidente Lula pensa nas relações internacionais”, disse.
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