O Banco Central deve anunciar, nesta quarta-feira (20/9), a redução de 0,50 ponto percentual da taxa básica de juros, preveem analistas do mercado financeiro. Com isso, a Selic — como é chamada essa taxa — passará de 13,25% para 12,75% ao ano.
Caso essa previsão seja confirmada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, o colegiado manterá o ritmo de cortes da Selic iniciado na última reunião. Essas reduções têm a ver com uma tendência de diminuição dos índices de inflação, que teve queda em sua projeção feita pelo mercado.
Essa expectativa foi publicada nesta segunda-feira (18/9) pelo boletim Focus, relatório publicado pelo Banco Central com base em cálculos de analistas econômicos, que apontaram que a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2023 caiu, dos 4,93% observados na semana passada, para 4,86%.
Mas afinal o que é Selic?
A associação entre as expectativas para o anúncio da Selic desta quarta e a relação com a inflação de 2023 foi feita para mostrar que as duas taxas andam juntas e uma depende da outra. Porém, essa relação será abordada nos próximos tópicos. Por ora, o guia do Correio vai contar sobre o básico dessa taxa.
A Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) representa os juros básicos da economia brasileira. É baseado na Selic que todas as taxas de juros são praticadas no país. Então, se você for pegar um empréstimo, por exemplo, o banco o concederá baseado na Selic e em outros critérios.
A Selic também serve como parâmetro para calcular lucros que o investidor, que pode ser qualquer pessoa ou empresa, meça suas aplicações, sejam elas na poupança, em títulos públicos ou em outros investimentos.
A taxa básica de juros é administrada pelo Banco Central, que a cada 45 dias se reúne, por meio do Copom, para definir se manterá, diminuirá ou aumentará a Selic.
- Taxa básica de juros deve cair para 12,75%, apostam analistas
- Em semana de Copom, projeção da inflação cai de 4,93% para 4,86%
Qual a função da Selic na economia brasileira?
As decisões em torno de possíveis quedas, altas ou manutenções da taxa básica de juros impactam toda a economia brasileira. É que desde a criação do regime de metas de inflação, em 1999, a Selic cumpre a função de controlar os índices inflacionários no país.
O que é inflação
Inflação, basicamente, é o aumento de preços dos produtos. Há vários índices que calculam esse fenômeno, mas o que utilizado oficialmente pelo governo é o IPCA. Este índice é divulgado mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que coleta os preços aplicados em produtos vendidos nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Fortaleza, Belém e Vitória, bem como de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e Brasília.
O IPCA tem a função de medir a variação de preços de uma cesta de produtos e serviços consumida pela população, segundo o IBGE. Nesta cesta do IBGE, há arroz, feijão, café, leite, frutas, combustível, serviços médicos entre outros. Por meio do IPCA, é possível constatar se as famílias precisam gastar mais ou menos dinheiro para viver.
Como este índice é medido mensalmente, o IBGE também divulga o IPCA acumulado, que significa uma média da inflação dos dados inflacionários dos 12 meses no ano. Esse acumulado significa a inflação de um ano específico.
O que causa a inflação
Diversos fatores podem causar inflação na economia.
Demanda
Uma das situações que podem fomentar a inflação é a circulação de dinheiro na economia e, consequentemente, um aumento de demanda por produtos. É que, quando a demanda sobe, ela pode ficar maior do que a oferta. Em outras palavras, isso significa que há mais pessoas querendo comprar produtos do que a quantidade produzida.
Então, pegando a cesta do IBGE como exemplo, pense que o consumo de café cresceu exponencialmente em um determinado período. Nesta situação, a quantidade de café nos mercado não daria conta para abastecer o impulso da população em comprar cafés. O resultado disso é que, pelo fato de haver menos café do que a quantidade demandada, o preço da bebida vai subir.
Quando fica caro produzir
Outro fator potencial causador da inflação é o aumento nos custos da produção. Exemplo: suponhamos que as altas temperaturas registradas no país prejudiquem a produção de café. Diante disso, pense que os cafeicultores teriam de comprar mais equipamentos para fazer com que uma bebida de qualidade chegue nas prateleiras dos mercados.
Nesse contexto, o custo de produção ficaria mais caro do que o normal, certo? Então, esse aumento no custo de produção dos cafeicultores seria repassado ao produto final, que é o café. Ou seja, isso provocaria uma inflação de oferta, que ocorre na sittuação em que fica caro produzir.
Relação entre a inflação e a Selic
Entendeu por que, antes de falar sobre Selic, foi preciso esclarecer o que é inflação? Pois é, a taxa básica de juros tem o objetivo de dar estabilidade à economia e evitar descontrole nos preços aplicados no país.
A função do BC brasileiro é fazer com que a inflação esteja na meta, que no Brasil, é de 4% ao ano, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Significa que a meta é considerada cumprida se a inflação acumulada no ano ficar na faixa de 2,5% a 5,5%.
Como a Selic controla a inflação?
A Selic controla a inflação na medida em que o índice influencia na quantidade de dinheiro que circula na economia. A lógica é a seguinte: quanto mais recursos estiverem disponíveis, maior a tendência das pessoas consumirem, portanto maior a demanda, certo? O contrário também é aplicável. Ou seja, quanto menos recursos, menor a demanda.
Nesse sentido, se a Selic estiver baixa, maior quantidade de recurso circulando, maior tendência de alta na demanda e, portanto, maior risco de inflação.
Já se a Selic estiver alta, o resultado é de menos dinheiro na economia, baixa no consumo e menor risco de inflação.
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