Levantamento divulgado pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostra que 30% dos brasileiros entrevistados assumiram que não conseguiram pagar as contas em agosto. Outros 12% admitiram que não terão condições de pagar todas as dívidas no mês de setembro, sendo o maior índice da história da pesquisa, que começou em 2010.
Segundo o estudo, os juros altos são os principais responsáveis pela falta do pagamento. Enquanto a inadimplência aumentou, o endividamento, por outro lado, caiu quase um ponto percentual em agosto na comparação com julho (78,1%), ficando em 77,4%.
A inadimplência é quando a pessoa tem uma ou mais dívidas já vencidas que não foram pagas. Já o endividamento ocorre quando o consumidor tem algum compromisso em aberto, que ainda vai ser pago, como valores de cartões de créditos, boletos, empréstimos, compras parceladas no comércio, etc.
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De acordo com Fernando Lamounier, educador financeiro e diretor da Multimarcas Consórcios, o brasileiro precisa ser mais prudente na hora de contratar créditos, sem se endividar, porque o custo dessa dívida pode ficar ainda mais alto.
“É necessário ter cautela, e quando for inevitável dele usar essa dívida, aí, sim ele deve se programar e buscar a melhor opção diante das alternativas. Não tenha medo de negociar, busque o credor e analise todas as possibilidades para evitar cobranças ainda maiores no futuro", explica.
Juros são vilões
O principal tipo de dívida é o cartão de crédito, mais de 85% do total, seguido dos carnês, que correspondem a 17% da causa de endividamento dos brasileiros. Um projeto de lei que prevê limite para os juros do rotativo do cartão de crédito foi aprovado em 6 de setembro, na Câmara dos Deputados. O PL foi ao Senado e, com o regime de urgência, a proposta poderá ser votada nas próximas sessões do Plenário, sem precisar passar pelas comissões.
Conforme o parecer preliminar do relator do projeto, deputado Alencar Santana (PT-SP), o CMN terá 90 dias, a partir de proposta dos emissores de cartão de crédito, para fixar os limites para juros e encargos cobrados no parcelamento da fatura nas modalidades rotativo e parcelado.
Se os limites para os juros não forem aprovados dentro de 90 dias contados da publicação da futura lei, o total cobrado não poderá ser superior ao valor original da dívida. “Com a aplicação da medida, os brasileiros terão mais oportunidades reais de quitar suas dívidas, levando em consideração que a grande maioria dos endividados estão entre quem ganha de 1 a 3 salários mínimos. Estamos falando de uma grande faixa da população que quer pagar as contas e assim manter as suas linhas de crédito em dia”, explica o especialista.
Soluções em curto prazo vão gerar um desentupimento parcial do crédito. Além disso, Lamounier ressalta que solucionando o problema do rotativo, o número de endividados deve diminuir, aumentando assim o consumo saudável e contínuo das famílias brasileiras.
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