O mais recente levantamento do Banco Central, divulgado no início de setembro, confirmou que o Pix está cada vez mais presente na rotina dos brasileiros. Em 2022, foram realizadas 2,9 bilhões de transações Pix, um crescimento de 107% em relação a 2021, quando o volume foi de 1,4 bilhão. Uma nova modalidade da ferramenta deve turbinar ainda mais o seu uso, trazendo a possibilidade de agendamentos de transações, o Pix Automático.
Apesar de constar em estudos, a viabilização da ferramenta já está em fase adiantada e a expectativa é de que seja lançada no próximo ano. O objetivo do BC, segundo especialistas, é ampliar ainda mais o acesso da população aos serviços bancários.
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A advogada especialista em direito regulatório e meios de pagamento Mariana Prado Lisboa, sócia do escritório Barcelos Tucunduva (BTLAW), detalha que o novo produto deve ser utilizado por concessionárias de serviços públicos e empresas com produtos ou serviços de pagamentos recorrentes.
Nessa lista, entram instituições de ensino, academias, serviços de streaming, planos de saúde, seguros, condomínios, clubes e operações de crédito. “A utilização do Pix para essas novas realidades é um caminho sem volta. A população já aderiu a esse sistema, confia no modelo e espera que cada vez mais consiga reduzir custos, comparados a outros instrumentos, além de trazer melhor experiência aos usuários pagadores e recebedores”, avalia.
O advogado especializado em Direito Bancário Marcelo Godke, professor da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap) e do Insper, o Instituto de Ensino e Pesquisa, destaca que o consumidor poderá programar o Pix automático para o pagamento das contas corriqueiras, substituindo o tradicional débito automático em conta. “A pessoa vai poder pré-agendar o pagamento de uma fatura do cartão de crédito, por exemplo, ou assinatura de um serviço pago mensalmente”, afirma.
Hoje, o pagamento via Pix é realizado de maneira instantânea, sem a possibilidade de agendamento. “É cada vez mais comum os boletos virem com o código de barras para pagar e, ao mesmo tempo, com um QR code do Pix. A diferença é que vai poder programar a partir daí”, diz Godke.
Off-line
Outra modalidade prevista como uma evolução do Pix é o off-line, que deve abranger o pagamento de pedágios e transporte público. Lisboa ressalta que essa medida está na agenda futura do BC, pois a falta de acesso à internet em algumas regiões do país é hoje um impeditivo para utilização do sistema instantâneo de pagamentos.
“A possibilidade de realização da transação sem a necessidade da conexão será uma melhoria incrível. Nas praças de pedágios e em rodovias o pagamento off-line, por aproximação, trará uma melhor eficiência e experiência ao usuário pagador”, destaca o especialista.
Para Godke, o movimento previsto pelo BC é um caminho natural porque a tendência é de o Pix substituir os cartões de débito, antes usados nos pagamentos de pequenos valores, como pedágios e tarifas de transporte. “Era esperado, mas não nessa velocidade, porque o BC não achava que seria com essa tamanha rapidez.”
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