O Mercado Livre, a maior plataforma de comércio eletrônico da América Latina, registrou uma receita recorde de US$ 3,4 bilhões no segundo trimestre do ano, alta de 57% em relação ao mesmo período de 2022. Dos 18 países em que atua, o Brasil é o principal mercado, com 52% da receita total. De acordo com a empresa, apenas em agosto foram realizadas 41 vendas por segundo.
A plataforma nada contra a maré enfrentada pelo varejo, que vem sofrendo com juros altos e endividamento das famílias, e também do e-commerce, que registrou queda de 4,5% no primeiro semestre deste ano. Em entrevista ao Correio, Julia Rueff, vice-presidente de Marketplace da companhia, destacou as estratégias para seguir resiliente mesmo diante de um cenário desafiador.
"O consumidor está cada vez mais digital, isso naturalmente o leva a experimentar o mundo on-line. Esse ano tivemos um aumento relevante na nossa base de usuários, foram 8 milhões de novos usuários, então, de fato, a gente vem conseguindo trazer esses novos consumidores à medida que melhoramos o nosso nível de serviço", afirmou.
Rueff contou sobre as novidades e novos planos da plataforma que completou 24 anos no mercado e afirmou que o objetivo deste ano é preparar a maior Black Friday do marketplace de todos os tempos. Confira a entrevista completa.
Como seguir resiliente em uma fase difícil para o varejo, juros altos, endividamento das famílias e baixo poder de compra?
O Mercado Livre completou 24 anos e, ao longo dessa jornada, passamos por diversas crises e aprendemos bastante. Melhorar a experiência do consumidor e a eficiência é a melhor visão estratégica, eu diria que é preciso ter uma perspectiva a longo prazo. Olhando os balanços de hoje reportamos um crescimento de rentabilidade e das vendas. Acho que um dos segredos para o sucesso é essa visão de investimento a longo prazo. O consumidor está cada vez mais digital, isso naturalmente o leva a experimentar o mundo on-line. Esse ano tivemos um aumento relevante na nossa base de usuários, foram 8 milhões de novos usuários, então, de fato, a gente vem conseguindo trazer esses novos consumidores à medida que melhoramos o nosso nível de serviço. Cerca de 56% do volume geral de mercadorias são entregues no mesmo dia ou no dia seguinte à compra. À medida que se melhora o nível de conveniência, com uma usabilidade fácil e vantagens para os consumidores, temos conseguido melhorar nossas vendas.
Em que tendências a plataforma está apostando agora na atual conjuntura?
Temos uma série de novidades, estamos de olho em novas tendências e agora decidimos agregar o e-commerce ao Mercado Play, uma plataforma de streaming gratuita anunciada no mês passado. Além disso, nós também passamos por uma mudança do nosso programa de assinatura, antigo Mercado Pontos, que agora se chama Meli+. Tornamos o programa de assinatura mais robusto para fidelizar o consumidor, ampliamos substancialmente a gama de produtos elegíveis para frete grátis exclusivo para essa base de clientes. A assinatura também permite o acesso gratuito ao Disney+ e Star+ e a plataforma de música Deezer, tudo isso por um preço único de R$ 17,99, o que sozinho não é o valor de nenhum desses streamings separadamente. Outra estratégia é o nosso programa de filiados, enxergamos a importância do influenciador hoje na tomada de decisão dos consumidores. Hoje, 43% das pessoas se dizem influenciadas digitalmente, então criamos agora uma plataforma para esse público. Qualquer pessoa poderá divulgar produtos dentro da plataforma, por meio da criação de um link pessoal, e poderá ser recompensada por isso. A partir dessa alavanca, esperamos dar mais credibilidade aos consumidores, com produtos que tenham sido experimentados. Somado a isso, outra novidade é o Clips, que será a possibilidade de inserir vídeos para mostrar o produto e tornar mais próxima a experiência do consumidor. Este recurso será gratuito para vendedores, é outra aposta.
Como a empresa vê essa competição com os marketplaces de outros países? Temos um crescimento do e-commerce chinês, como avalia a isenção para compras de até US$ 50?
O Brasil é um dos países mais competitivos com novos players e, dentro desses 24 anos, a gente já passou por muitos concorrentes, mas já estamos bem habituados à nossa visão de negócio. Sobre a isenção, o que defendemos é a isonomia de competição entre os dois segmentos, as plataformas nacionais e estrangeiras.
E como é que você avalia essa fintechização no varejo, tendo a plataforma financeira de vocês, o Mercado Pago?
O Mercado Pago está se inserindo em um ambiente muito maior e vem crescendo de maneira substancial. O principal em consonância com o Mercado Livre é uma oferta de crédito especial tanto para vendedores quanto para compradores, o que é bastante competitivo. A nossa ideia é oferecer isso cada vez mais para a nossa base de clientes, além das vantagens de ter tudo conectado, vemos isso como um portfólio bastante promissor.
E como estão os preparativos para a Black Friday, por que essa deve ser a maior de todos os tempos?
Será um grande pontapé para as vendas de Natal e promoções de janeiro. Será o início de uma grande jornada promocional e viemos em uma preparação intensa para engajar nossos vendedores para que seja um evento enorme, assim como foi ano passado que crescemos 19%. Essa deve ser a maior Black Friday da história.
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