A busca por oportunidades em outros países é algo latente em muitos brasileiros que consideram a possibilidade de mudar para o exterior em busca de melhores condições de vida, carreira e novas experiências. Embora possa parecer difícil, emigrar é uma possibilidade que não está tão longe do alcance das pessoas com formação profissional. Com a escassez de mão de obra qualificada em muitos países, o visto de trabalho permanente tem se tornado cada vez mais comum para atrair talentos que querem ser valorizados e receber salários competitivos.
Em primeiro lugar nas preferências dos brasileiros estão os Estados Unidos. O país é conhecido por ser um lugar de oportunidades, oferecendo uma economia robusta e diversas opções de carreira. Com uma cultura empreendedora e uma variedade de setores em crescimento, como tecnologia, finanças, entretenimento e saúde, há inúmeras oportunidades para profissionais qualificados.
Além disso, o país possui universidades de renome mundial e oferece um ambiente propício para o desenvolvimento acadêmico e profissional. No entanto, o processo de imigração para os EUA pode ser complexo e competitivo, exigindo planejamento, qualificações específicas e, muitas vezes, um patrocinador ou oferta de emprego.
Sonho americano
Profissionais bem qualificados nas áreas da saúde, tecnologia e engenharia têm deficit ano após ano. "Com isso, o profissional brasileiro que tem uma formação e pelo menos cinco anos de experiência tem conseguido imigrar para o país e viver o sonho americano", destaca Wagner Pontes, fundador da D4U Immigration, escritório especializado em imigração para os EUA, Europa e Dubai.
A Associação de Colégios Médicos Americanos, aponta que o deficit de enfermeiros, dentistas, fisioterapeutas e demais profissionais da saúde, pode chegar a 121 mil nos próximos oito anos. Já o Relatório da Indeed — um motor de busca de empregos criado nos Estados Unidos em 2004 — mostra que a remuneração desses profissionais varia de estado para estado, mas, para se ter uma ideia, um enfermeiro em Nova York chega a receber US$ 43,06 por hora, ou US$ 7.751 mensais.
Facilidades para empreendedores
Wagner Pontes afirma que há uma facilidade nos EUA para aqueles que desejam empreender. "Como todo mundo sabe, os Estados Unidos são um país capitalista, então, qualquer empresário, qualquer empreendedor que queira levar recursos para lá, com certeza, tem um caminho de mais facilidade", aponta. "Mas antes, nós precisamos desmistificar a ideia de que o americano não quer o brasileiro. O profissional brasileiro é muito bem valorizado lá", diz Pontes.
A Europa oferece diversidade de países, cada um com suas próprias oportunidades e benefícios. Nações como Alemanha, Reino Unido, Portugal, França, Itália e Suécia são conhecidos por suas economias fortes e setores de tecnologia, engenharia e ciências. Além disso, a Europa oferece qualidade de vida, serviços sociais abrangentes e acesso a uma ampla gama de culturas e línguas. No entanto, os processos de imigração variam de país para país, com requisitos específicos de visto e restrições de trabalho. É importante pesquisar e entender as políticas de imigração antes de tomar uma decisão.
Segundo Pontes, o primeiro passo para quem quer empreender fora do Brasil é adaptar seu produto à cultura do país escolhido. "Já houve algumas histórias de empresas que não deram certo fora do Brasil. Várias corporações do ramo alimentício, por exemplo, levaram suas marcas para outros países e não tiveram sucesso. Muitos fracassos ocorreram por imaginar que o simples fato de estar nos Estados Unidos ou na Europa seria o suficiente para um sucesso automático. Mas as coisas não funcionam assim, é necessário adaptar o produto ao país no qual se está empreendendo", afirma.
Incentivos no Oriente Médio
A recente ida de diversas estrelas do futebol, como Cristiano Ronaldo, Neymar, Benzema, Sadio Mané, entre outros, para o campeonato saudita, recebendo salários astronômicos, fez com que o mundo inteiro olhasse para a Arábia Saudita, assim como para todo o Oriente Médio. Além da questão esportiva, a cultura, oportunidades de trabalho, leis e incentivos fiscais para trabalhar ou investir despertam o interesse e curiosidade sobre os países da região.
Dados divulgados pelo Ministério das Relações Exteriores apontam um crescimento de 194 mil brasileiros morando no exterior somente no último ano, totalizando 4,59 milhões. Entre esses, existe atualmente uma comunidade brasileira de cerca de 60 mil cidadãos vivendo em países do Oriente Médio, sendo 10 mil na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos.
Sistema tributário favorável
"O crescimento da procura por brasileiros dispostos a trabalhar ou investir acontece, principalmente, por fatores como busca por regiões com incentivos fiscais e impostos menores", explica Wagner Pontes, fundador da assessoria imigratória D4U Immigration. "Dubai, maior cidade dos Emirados Árabes Unidos, e Riad, capital da Arábia Saudita, por exemplo, têm atraído cada vez mais a atenção desse público. Isso ocorre muito por conta do sistema tributário mais favorável, que é bastante atrativo para investimentos em negócios locais, além da oferta de cargos com uma alta remuneração", complementa.
Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, é um destino de imigração em ascensão, atraindo profissionais de diversas áreas. Com uma economia diversificada e em constante crescimento, Dubai oferece oportunidades em setores como finanças, turismo, tecnologia e construção. Além disso, o país oferece isenções fiscais e salários atrativos, tornando-se um destino para profissionais em busca de crescimento financeiro.
Atenção às diferenças culturais
No entanto, é importante estar ciente das diferenças culturais e das leis rigorosas que regem o país. As mulheres, por exemplo, não tem a mesma liberdade dos homens, o que pode interferir na área profissional.
Há uma demanda crescente em países do Oriente Médio por profissionais com experiência comprovada. Um exemplo disso são cargos como engenheiros altamente qualificados, com salários mensais que variam de 16.000 dirhams (AED), a moeda local (cerca de US$ 4.360), segundo Gulf Talent. Ainda de acordo com a agência de empregos, um advogado recebe, em média, AED 32.000 (US$ 8.133) e uma gerente de recursos humanos US$ AED 32.000 (US$ 7.500).
No campo da medicina, os profissionais de saúde têm excelentes perspectivas de carreira. Clínicos gerais podem ganhar até AED 35.000 (US$ 9.530) por mês, enquanto enfermeiros têm a oportunidade de receber cerca de AED 15.000 (US$ 4.090).
O que fazer para emigrar
A imigração oferece a oportunidade de explorar e expandir novos horizontes profissionais e pessoais, e vivenciar diferentes culturas. Cada país tem suas próprias vantagens e desafios. Antes de tomar uma decisão, é essencial pesquisar e entender os requisitos de imigração, as oportunidades de carreira, a qualidade de vida e a adaptação cultural de cada destino.
Segundo a advogada da área de Wealth Planning do escritório Abe Advogados, Gabriela Gomes de Andrade, antes de iniciar o processo de imigração, é necessário verificar a legislação específica de cada país e as condições exigidas. "No que se refere ao Brasil, é importante efetuar um planejamento pré-imigratório a fim de se verificar os efeitos tributários e obrigações que se façam necessárias decorrentes de uma possível saída fiscal ou de possível dupla residência fiscal.
Que tipo de visto buscar
Outro ponto que precisa ser estudado é a questão do visto. "Entre os diversos tipos de visto, é necessário verificar com um advogado local aquele que melhor se aplica à situação de cada indivíduo", explica a advogada. "Vistos de empreendedor e estudante, por exemplo, permitem o exercício de atividades empresariais e de estudo, respectivamente", afirma.
Gomes aconselha consultar especialistas em imigração e diz que networking com pessoas que já vivem nesses países também pode ser uma fonte valiosa de informações. "Procure previamente um advogado no Brasil e na localidade para onde se pretende emigrar, a fim de buscar orientações prévias para tanto, observando a lei em todas as jurisdições envolvidas", pontua.
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