CB FÓRUM AGRO 4.0

Agricultura no Mercosul ainda utiliza 2G, alerta representante da FAO

Adriana Gregolin, coordenadora de projetos de cooperação internacional da FAO, ressaltou a grande defasagem tecnológica na América Latina. Segundo ela, a coordenadora, 77 milhões de pessoas do meio rural não possuem internet com qualidade mínima

A coordenadora de Projetos de Cooperação Internacional da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Adriana Gregolin, afirmou que vários países da região do Mercosul, e outros associados, a conectividade é de 2G.

"Alguns não chegam nem em 3G", disse a representante da ONU. Adriana Gregolin participou do segundo painel do CB.Fórum Agro 4.0. O evento é uma parceria do Correio com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). 

"Cerca de 77 milhões de pessoas do rural de 24 países da América Latina não possuem internet com qualidade mínima, como para baixar um documento, assistir um vídeo, uma palestra. E 71% da população urbana tem acesso a internet de qualidade, porém, somente 36,8% têm acesso no rural. Então a gente tem uma brecha não só de acesso, mas também entre o urbano e o rural", acrescentou. 

Segundo Gregolin, um estudo de 2020 dos países da América Latina sobre as principais razões para não utilizar a internet na zona rural identificou um profundo desconhecimento sobre o uso de tecnologia no campo. O levantamento entre produtores rurais indicou, que além de não terem acesso a internet, há uma porcentagem de 36,7% que não sabe usar. "E 26,2% não sabem o que é a internet”, afirmou.

“As experiências passadas de modernização agrícola e rural demonstraram que o impulso tecnológico corre o risco de gerar resultados desagradáveis ou não desejados, caso não sejam abordadas as dimensões socioeconômicas e ecológicas existentes. E hoje não tem como a gente desconectar, tecnologicamente falando, o tema da agricultura digital das mudanças climáticas”, declarou Gregolin.

Para a coordenadora, é preciso fortalecer o tema do planejamento, da implementação, do monitoramento, para voltar a planejar os projetos e aproveitar os pilotos que deram resultados positivos para que possam multiplicar.

"Demanda tem, e a gente precisa construir mais alianças, com diferentes atores, e instituições para poder avançar. Porque sem as alianças, a gente vai ficar trabalhando cada um na sua área de conhecimento, e o rural é complexo, os desafios são imensos e variados", disse.

"Então se somarmos esforços em todas as instituições e setores, sem dúvida vamos avançar. Tudo que o Brasil está avançando, é exemplo para outros países da América Latina que estão muito atrás", afirmou a convidada do CB Fórum Agro 4.0.