As contas do governo central — que incluem Tesouro, Banco Central e Previdência — tiveram deficit primário de R$ 35,9 bilhões em julho, o segundo maior saldo negativo, para o mês registrado na série histórica, iniciada em 1997. Em junho, o governo já havia fechado no vermelho em R$ 45,2 bilhões.
O resultado primário é a diferença entre receitas e despesas, sem incluir o gastos financeiros, ou seja, os juros da dívida pública. O rombo de julho foi provocado pelo crescimento acentuado das despesas e a queda nas receitas.
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Na comparação com o mesmo período do ano passado, os gastos cresceram 31,3%, impulsionados por despesas previdenciárias, Bolsa Família, abono salarial e seguro desemprego, além de repasse a governos regionais. Já a arrecadação caiu 6,9% na mesma base de comparação.
O desempenho negativo do mês passado só foi menor do que o de julho de 2020, em pleno auge da pandemia de covid-19, quando o governo aumentou fortemente os gastos para combater os efeitos sociais e econômicos da doença. Na ocasião, o rombo foi de R$ 109,6 bilhões. Os valores são em termos reais, ou seja, já descontam do cálculo a variação provocada pela inflação.
Resultado acumulado
Nos sete primeiros meses do ano, o governo acumula resultado negativo de R$ 78,25 bilhões, o pior resultado desde 2021, em termos reais, quando chegou a R$ 82,9 bilhões.
Em 12 meses até julho, o saldo ficou negativo em R$ 97 bilhões. Em dados corrigidos pela inflação, o deficit corresponde a 0,95% do PIB.
Isso significa que o governo praticamente não poderá ter deficit no acumulado nessa conta entre agosto a dezembro deste ano se quiser cumprir a promessa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de fechar 2023 com um rombo de até R$ 100 bilhões.
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