sistema elétrico

Apagão vira munição política para opositores e governistas

Queda de energia que afetou o país por quase seis horas, nesta terça-feira, foi usada tanto por opositores quanto partidários do governo para criticar adversários

O apagão que atingiu a maior parte do país nesta terça-feira (15/8) virou munição política contra o governo Lula e também contra a privatização da Eletrobras, feita na gestão do ex-presidente da República Jair Bolsonaro. Parlamentares de oposição criticaram as falhas de energia e culparam a atual administração, enquanto aliados do governo atribuíram o evento à venda do controle da empresa — embora não tenha ficado claro se a companhia teve alguma responsabilidade no caso.

A deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC) lembrou que o incidente ocorreu um dia após a renúncia inesperada do CEO da Eletrobrás, Wilson Ferreira Júnior, e destacou que os apagões são marca da gestão do Partido dos Trabalhadores (PT). "Um dia após a renúncia inesperada do CEO da Eletrobras, um apagão atinge todas as regiões do Brasil e começam a pipocar críticas ao processo de privatização iniciado no governo Bolsonaro. Mas, na verdade, os apagões são marca da gestão PT. Será que estão voltando?", questionou.

Privatização da Eletrobras na berlinda

O presidente do PP, Ciro Nogueira (PP-PI), que foi ministro de Bolsonaro, usou a falta de energia para criticar o governo do PT, ainda que seu partido esteja negociando a adesão à base governista na Câmara. "Apagão no Brasil! Aconteceu hoje, mas começou em 01 de janeiro. O Brasil voltou! Voltou ao Apagão! A gasolina, lembra? Subiu hoje R$ 0,41 para as distribuidoras. O apagão da BR! Governo do Apagão!", escreveu em sua conta no Twitter.

A primeira-dama, Rosângela da Silva, Janja, relacionou indiretamente a privatização da Eletrobras ao apagão. "A Eletrobras foi privatizada em 2022", escreveu em caixa alta, completando que "era só esse o tuíte", sem detalhar o assunto.

A empresa foi privatizada em 2022. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem criticando a transação, afirmando em várias ocasiões que a venda foi "quase que uma bandidagem", e que defende a revisão do contrato pela Justiça. O petista já reclamou também do fato de o governo possuir 43% das ações da empresa, mas não ter poder decisório correspondente aos votos.

Comparação "leviana"

Em entrevista coletiva, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou ser leviano dizer que a privatização da Eletrobras tenha provocado o apagão. Segundo ele, a venda do controle da empresa "fez mal" ao Brasil, mas, até o momento, não há nenhum indício de que isso tenha relação com a queda de energia.

"A minha posição é de que a privatização da Eletrobras fez muito mal, em especial no modelo que ela ocorreu, ela fez, sim, mal ao sistema", declarou.

Na véspera, o então presidente da companhia renunciou ao cargo e a empresa elegeu como substituto Ivan de Souza Monteiro, que era presidente do conselho de administração. "A renúncia do presidente Wilson ontem vem reafirmar as nossas críticas à condução do conselho da Eletrobras depois de ela ser privatizada e vem reafirmar mais uma vez que foi realmente uma perda para o Brasil", disse Silveira.

"Essa mudança abrupta sem uma sinergia com a política pública e com as nossas vinculadas, reafirma o que eu tenho dito, a privatização tirou a possibilidade de nós termos um sistema elétrico nacional mais harmônico. É uma posição que já externei", acrescentou.