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Indústria cresce 0,3% em maio, mas ainda não recupera patamar pré-pandemia

Produção industrial cresce 0,3% em maio -- acima do esperado --, após recuar 0,6% em abril. Contudo, a atividade da indústria nacional ainda está 1,5% abaixo do patamar pré-covid, de fevereiro de 2020, segundo dados do IBGE

A produção industrial cresceu 0,3%, em maio, na comparação com o mês anterior, quando recuou 0,6%, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta terça-feira (4/7), na série com ajuste sazonal.

O resultado foi melhor do que o esperado pelo mercado, cujo consenso esperava variação nula (de 0,0%). No entanto, a indústria ainda está 1,5% abaixo do patamar pré-pandemia (de fevereiro de 2020), assim como 17 das 25 atividades pesquisadas pelo IBGE. Os segmentos com os maiores percentuais negativos em comparação ao período pré-pandemia, foram os de Máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-22%), de Confecção de artigos do vestuário e acessórios (-24,7%), e Móveis (-28,6%).

Em comparação com o mesmo mês de 2022, na série sem ajuste da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), a indústria cresceu 1,9%. No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, recuou 0,4% e, em 12 meses até maio, a variação foi nula (0,0%). A média móvel trimestral foi de 0,3%, segundo o instituto subordinado ao Ministério do Planejamento e Orçamento.

De acordo com o IBGE, houve disseminação de taxas positivas, alcançando três das quatro grandes categorias econômicas e 19 dos 25 ramos industriais pesquisados. Além de continuar abaixo do patamar pré-pandemia, a indústria ainda está 18,1% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011.

As atividades com influência positiva nos dados da PIM foram no setor de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (com alta de 7,7%), veículos automotores, reboques e carrocerias (7,4%) e máquinas e equipamentos (12,3%). A primeira atividade registrou o quarto mês consecutivo de expansão na produção, período em que acumulou ganho de 15%, dado considerado uma surpresa por analistas.

A segunda atividade listada voltou a crescer após acumular perda de 2,6% nos dois meses anteriores, mesmo antes da política de estímulo do governo para a compra de veículos “populares” de até R$ 120 mil. E, a terceira, eliminando parte do recuo de 11,7% registrado no mês anterior. Outras contribuições positivas relevantes sobre o total da indústria vieram de indústrias extrativas (1,2%), de produtos de metal (6,1%), de outros equipamentos de transporte (10,2%), de metalurgia (2,1%), de produtos diversos (6,6%) e de couro, artigos para viagem e calçados (4,9%).

Por outro lado, entre as seis atividades que apontaram redução na produção, os destaques vieram dos setores de produtos alimentícios (-2,6%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-9,7%), que exerceram os principais impactos em maio de 2023.

 

Projeções pouco otimistas para o setor

As projeções do mercado para a produção da indústria nacional em 2023 não são muito otimistas. A Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), por exemplo, prevê queda de 0,5% na produção industrial neste ano, "tendo como uma das principais causas o alto patamar da taxa de juros".

Os economistas Marco Caruso e Igor Cadilhac, PicPay, novo banco dos clientes do Original, esperam crescimento, mas pequeno, e fazem alertas sobre os riscos ao longo do ano. "Olhando para 2023, projetamos uma alta de 0,2% da produção industrial brasileira. Entre as preocupações que colocam um viés baixista ainda estão, principalmente: i) economia global tem redução dos preços das commodities e menor crescimento, o que não favorece nossas exportações; e ii) juros altos e alto comprometimento de renda das famílias são ruins para consumo de bens de maior valor agregado e dependentes de crédito”, destacaram os analistas em comunicado aos clientes.

“Recentemente, temos observado que o quadro da indústria geral ainda é conturbado, mas que a isenção fiscal para produção de carros populares tem incentivado o setor”, acrescentou o relatório dos economistas do PicPay.

A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) destacou, em nota, que a indústria nacional ainda enfrenta trajetória de baixo dinamismo, acumulando queda de 0,4% nos cinco primeiros meses do ano na comparação com o mesmo período de 2022. "O resultado negativo do segmento industrial é atribuído, sobretudo, às elevadas taxas de juros, que impactam diretamente o acesso ao crédito e influenciam as decisões de investimento", destacou a entidade no comunicado.

"Apesar da melhora dos indicadores de confiança do empresário industrial, a Firjan pontua que o cenário para o restante de 2023 demanda atenção. À medida que o início do ciclo de corte de juros é adiado, maiores são os efeitos sobre a atividade econômica, prejudicando setores estratégicos da indústria nacional. A federação reforça que o crescimento sustentável do setor depende de um ambiente de negócios mais propício para o investimento", ressaltou a nota da entidade. "Nesse sentido, destaca a necessidade de concretização do novo arcabouço fiscal, assim como a celeridade na aprovação das reformas estruturais, em especial a tributária. A adoção dessas medidas criará condições favoráveis para a redução do risco-país e para uma queda consistente da taxa de juros", completou.

 

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