Contrariando as expectativas e a praxe na Esplanada dos Ministérios, o anúncio do novo presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi feito informalmente pelo Palácio do Planalto, nesta quarta-feira (26/7). O porta-voz da notícia foi o ministro da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta. O nome escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para chefiar o órgão subordinado à ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, é o do economista Marcio Pochmann.
Professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo, Pochmann vinha sendo defendido pelo PT, mas o nome não era uma unanimidade no Planejamento. Ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e da Fundação Perseu Abramo, Pochmann, atualmente, é presidente do Instituto Lula para o triênio 2020-2023. O economista integra ala mais heterodoxa do governo, na contramão da cartilha mais fiscalista e liberal que Tebet e seus secretários respeitam e que ajuda a amenizar a desconfiança do mercado financeiro em relação ao atual governo.
O ministro negou qualquer problema com a escolha do Planalto com a ministra do Planejamento. "Márcio Pochmann será o novo presidente do IBGE e não tem nenhum ruído quanto a isso", disse o ministro Paulo Pimenta aos jornalistas, após deixar o Palácio da Alvorada, onde Lula despachou hoje. O chefe do Executivo passou por um novo procedimento médico para aliviar as dores no quadril. Amanhã, continuará despachando do Alvorada e tem o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no primeiro compromisso do dia.
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Antes da confirmação de Pochmann no IBGE por Pimenta, Haddad deu uma entrevista também minimizando qualquer problema entre Tebet e Pochmann. “Não sei se essa decisão está tomada ou já foi anunciada. Ela não terá a menor dificuldade de trabalhar”, afirmou. Segundo ele, ambos são pessoas "disciplinadas e leais ao presidente".
Uma fonte da Esplanada disse que ouviu "cobras e lagartos" do futuro presidente do IBGE entre técnicos da equipe econômica, principalmente, quando ele estava à frente do Ipea, "onde ele só autorizava a publicação de estudos que ele concordava".
Procurado, o Ministério do Planejamento ainda não comentou a escolha de Lula para o IBGE. Outro integrante dos governos petistas, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, é cotado para presidir a Vale. Mantega acabou saindo da equipe de transição, de forma constrangida, devido à má repercussão da tentativa dele em vetar a indicação do ex-ministro Paulo Guedes (Economia) do ex-presidente do Banco Central Ilan Goldfajn para chefiar o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
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