Indústria

Demanda fraca foi o maior problema da indústria no 2º tri, aponta CNI

De acordo com a Sondagem Industrial, a baixa procura pelos insumos e a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano, o maior nível desde 2017, tiveram um impacto maior do que o sentido nos primeiros três meses de 2023

Rafaela Gonçalves
postado em 18/07/2023 11:50
A fraca demanda ficou em primeiro lugar entre os principais problemas citados, com 37% do total -  (crédito: EBC)
A fraca demanda ficou em primeiro lugar entre os principais problemas citados, com 37% do total - (crédito: EBC)

Demanda interna insuficiente, elevada carga tributária e juros elevados. Para os empresários da indústria, esses foram os principais problemas enfrentados no segundo trimestre deste ano. De acordo com a Sondagem Industrial, divulgada nesta terça-feira (18/7) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a baixa procura pelos insumos e a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano, o maior nível desde 2017, tiveram um impacto maior do que o sentido nos primeiros três meses de 2023.

A fraca demanda ficou em primeiro lugar entre os principais problemas citados, com 37% do total e com um aumento de 3,7 pontos percentuais em relação ao primeiro trimestre. Na segunda posição, 33,7% mencionaram a elevada carta tributária. O percentual teve uma pequena queda de 0,9 ponto percentual.

Em terceiro lugar, as taxas de juros elevadas foram citadas por 31,3% dos entrevistados, com uma alta de 2,5 p.p. A falta ou o alto custo de mão de obra qualificada foi o quarto problema mais mencionado no segundo trimestre e alcançou o maior percentual já registrado até agora, de 15,6%, enquanto 15,5% apontaram a competição desleal.

A pesquisa também avalia indicadores como produção, preços das matérias-primas, emprego industrial e estoques. Em uma escala de zero a 100, acima de 50 pontos é uma alta e abaixo uma queda. A produção teve uma piora no desempenho, passando de 51,6 pontos em maio para 46,3 pontos em junho. Em relação ao número de empregados, houve um ligeiro aumento de 0,2 ponto na comparação entre maio e junho, passando de 48,4 pontos para 48,6 pontos no mês passado.

A economista da CNI, Paula Verlangeiro, afirmou que isso explica o fato de a indústria ter tido um desempenho pior em junho de 2023, na comparação com o mês anterior. “A queda do emprego foi mais branda e menos disseminada para o mês do que nos anos anteriores. No caso da produção, foi diferente. O recuo foi mais intenso do que o esperado para o mês de junho. A queda desses indicadores vem em linha com a perda do ritmo de crescimento devido à política monetária”, avaliou.

Matérias-primas em queda

O indicador de evolução do preço de matérias-primas sofreu uma queda de 6,4 pontos, passando para 49,5 pontos. Essa é a primeira vez que esse indicador fica abaixo da linha divisória dos 50 pontos na série histórica, o que indica preços em queda. O resultado ocorre após sucessivos recuos do indicador, que vinham ocorrendo gradualmente desde o primeiro trimestre de 2022.

A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) permaneceu estável na comparação de maio para junho, ficando em 69%, indicador mais baixo para o mês nos últimos três anos. Também sem alteração ficou o índice de evolução do nível de estoques, que se manteve em 51,3 pontos na passagem de maio para junho. Esse indicador está acima da marca de 50 pontos desde fevereiro, o que mostra acúmulo de estoque.

Ainda segundo a CNI, as perspectivas quanto aos próximos seis meses são positivas. As expectativas subiram e ficaram acima de 50 pontos, o que sinaliza maior otimismo dos empresários. O índice de expectativa de demanda registrou 55,6 pontos, o que representa aumento de 1 ponto frente a junho. O índice de expectativa de quantidade exportada apresentou aumento de 1,4 ponto, registrando 52,2 pontos.

 

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