Apesar de uma recuperação em junho, a exportação de carne bovina do Brasil fechou o primeiro semestre com queda de 3,8%, totalizando 1,02 milhão de toneladas. Segundo dados divulgados pela a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), o resultado foi impactado pela suspensão das exportações ao mercado chinês entre fevereiro e março, após a confirmação de um caso atípico de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecida como "mal da vaca louca".
Ao todo, o Brasil faturou US$ 4,8 bilhões com exportação de carne bovina no primeiro semestre, uma queda de 21,4% quando comparado ao mesmo período do ano passado. Apenas em junho, os embarques dos principais cortes in natura do país, que é o maior exportador global, aumentaram 26% em relação ao mesmo período do ano passado, para aproximadamente 192 mil toneladas, conforme dados do governo brasileiro. No entanto, a alta não foi suficiente para recuperar o período de embargo.
Maior importador da proteína brasileira, a China comprou 512,3 mil toneladas (-5%) e pagou US$ 2,6 bilhões (-29%) durante o período. O país asiático é responsável por 57% das exportações. Segundo dados da Associação Brasileira dos Frigoríficos (Abrafrigo), em 2022, as exportações para a China geraram receita de quase US$ 8 bilhões, o que representa mais de 60% do total faturado pelo setor no mercado externo.
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O economista Diego Hernandez acredita que a queda no primeiro semestre não deve ser motivo de preocupação. "O Brasil está em uma situação favorável, com abundância maior de estoque para atender a demanda chinesa. A expectativa é de que se recupere rápido das perdas do período em suspensão", avaliou.
O caso de mal da vaca louca foi identificado em 22 de fevereiro no município de Marabá, no Pará. Como maior parceiro comercial, a China possui protocolos rígidos sobre a qualidade dos alimentos importados. Desde 2015, foi estipulado um um acordo bilateral com o Brasil que estabelecia as diretrizes em caso de identificação de Encefalopatia.
O protocolo estabelecia a suspensão imediata e voluntária das exportações da carne bovina brasileira caso houvesse a confirmação da doença, mesmo que fosse uma situação atípica. As exportações foram retomadas em 23 de março, após um mês de paralisação.
De acordo com o balanço, os americanos adquiriram 71,4 mil toneladas do Brasil, o montante é 8,4% menor do que um ano atrás. A receita das vendas aos EUA caiu 18,9%, para US$ 428,6 milhões. Segundo a associação, o país é o terceiro maior fornecedor da proteína in natura para esse mercado, somando 49,5 mil toneladas no semestre.
O presidente da Abiec, Antônio Camardelli, afirmou que "as exportações brasileiras se ajustaram a um novo cenário global, mas o Brasil seguirá como maior fornecedor global de carne bovina, respondendo por 20% dos embarques".
Vendas recordes para a União Europeia
Já os embarques para União Europeia aumentaram 7,7% no primeiro semestre, alcançando 39,3 mil toneladas. A alta do faturamento foi mais comedida, de 2,1%, para US$ 287,2 milhões. "Foi o maior volume exportado para o Bloco Europeu desde 2008, quando foi instituída a obrigatoriedade das Fazendas Traces (rastreamento), o que reduziu as propriedades habilitadas e diminuiu para menos da metade o total exportado de carne bovina in natura do Brasil para UE", destacou a Abiec, em nota.
A Abiec destacou também o crescimento das exportações para a Rússia, que aumentaram 44,7% no primeiro semestre, para 23,5 mil toneladas. A associação também disse haver boas perspectivas com recentes aberturas para a carne in natura para o México e Canadá. "A Abiec recebeu recentemente uma delegação de importadores mexicanos coordenada pela Câmara México-Brasil (Camebra) para uma rodada de negócios com os nossos associados", informou.
A associação e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) ainda participarão de uma missão que mira a expansão do mercado de carne in natura para Coreia do Sul e Japão. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, comandará a comitiva.
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