Banco Central

Senado aprova Galípolo e Aquino para diretoria do Banco Central

Gabriel Galípolo, que será diretor de Política Monetária, evita comentar sobre autonomia do BC, mas diz que "a vontade das urnas" determina o destino econômico da sociedade. Ailton de Aquino, que ocupará a Diretoria de Fiscalização, defende novos concursos

Edla Lula
postado em 05/07/2023 03:55
 (crédito:  Fotográfo/Agência Brasil)
(crédito: Fotográfo/Agência Brasil)

O plenário do Senado aprovou, nesta terça-feira (4/7), por 39 votos a 12, com uma abstenção, a indicação do economista Gabriel Galípolo para o cargo de diretor de Política Monetária do Banco Central. Indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Galípolo não negou a que veio, mas ressaltou que foram os seus atributos técnicos que o colocaram onde está.

Antes de ter seu nome submetido ao plenário da Casa, Galípolo, que até junho exercia o cargo de secretário executivo do Ministério da Fazenda, foi sabatinado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Questionado pela senadora Tereza Cristina (PP-MS), ex-ministra do governo Jair Bolsonaro, sobre a autonomia do Banco Central, o economista respondeu que "não cabe aos diretores do Banco Central opinar ou dar qualquer diretriz sobre isso (autonomia)".

Galípolo disse, no entanto, que há certa incompreensão do que seja a autonomia técnica da instituição. "Muitas vezes se entende autonomia do Banco Central como se fosse uma autonomia do processo democrático, ou como se alguém quisesse ser indicado para fazer alguma coisa à revelia da vontade democrática. Tenho certeza de que não é o desejo de ninguém que esteja ocupando ou é candidato a ocupar o papel de uma autarquia", comentou."O poder eleito democraticamente, a vontade das urnas é que determina qual é o destino econômico da nossa sociedade", completou.

Queda da Selic

O economista participou da elaboração da política econômica do governo desde a fase de transição. Era o braço direito de Fernando Haddad no Ministério da Fazenda. Por isso, sua indicação tem sido apontada como uma manobra do governo para fazer valer a vontade do Executivo nas decisões sobre a taxa básica de juros, a Selic.

O atual presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, indicado por Jair Bolsonaro, é alvo frequente de críticas por relutar em dar início ao ciclo de redução da Selic, atualmente em 13,75% ao ano.

No depoimento, Galípolo disse que não se sente "preposto" do governo, mas uma indicação técnica. "Estou sendo muito bem acolhido e espero que a indicação do presidente e a de vocês venha com esse embasamento a uma capacidade técnica para desempenhar o papel e tentar ajudar nessa interlocução (entre o BC e o governo)." Ele evitou dizer diretamente o que espera da Selic, mas comentou que as taxas de juros futuras já sinalizam queda ao longo do tempo.

Coincidentemente, o novo diretor participará da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para agosto, na qual, segundo as expectativas do mercado, a Selic deverá ser reduzida.

Necessidade de concursos

Na mesma sessão de ontem, o advogado Ailton de Aquino Santos, funcionário de carreira do BC, teve sua indicação aceita para a diretoria de Fiscalização, com 42 votos a favor, 10 contra e uma abstenção. Aquino entra para a história da autarquia como o primeiro negro a integrar a diretoria.

Na sabatina, Aquino defendeu o papel do BC como uma autarquia de Estado, e disse que o sistema financeiro do país é sólido. "Temos hoje um sistema financeiro moderno, complexo, sólido, no qual se destaca o papel do Banco Central como regulador e supervisor para que se mantenha tal estabilidade e nível de concorrência", disse. No entanto, apontou a necessidade urgente de concursos públicos para fortalecer o quadro de servidores. Segundo ele, hoje o contingente é reduzido, o que prejudica a fiscalização.

Segundo Aquino Santos, o BC tem sob supervisão 1,8 mil entidades organizadas, desde grandes conglomerados bancários, até pequenas cooperativas ou instituições de pagamento.

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