A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, criticou a dissonância entre o comunicado e a ata do Banco Central emitida pelo comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom). “De novo a ata vindo de forma quase que contrária ao que é dito no comunicado. O Banco Central precisa rever. Cria uma situação de estresse desnecessária no comunicado e depois vem com uma ata mais realista. Não deixa de ser uma crítica construtiva nossa. Que isso seja revisto pelo Banco Central”, afirmou a ministra, nesta terça-feira (26/6).
Na última reunião, o Banco Central manteve a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% e pediu “paciência e serenidade” com a condução da política monetária, sinalizando que não haveria um corte na próxima reunião do colegiado, marcada para agosto. Já na ata, divulgada nesta terça-feira, a autoridade monetária afirmou que a continuidade da queda da inflação, e seu impacto sobre as expectativas, pode possibilitar uma queda dos juros no próximo encontro.
- BC: Copom sinaliza corte de juros em agosto, se inflação continuar caindo
- Mercado melhora projeções para economia e reduz estimativas para Selic
- Copom volta a pedir "serenidade e paciência" com taxa de juros
Segundo a ministra, a ata foi mais “realista” com o cenário econômico do país. “A ata reconhece que o Brasil está no caminho certo, que a equipe econômica está acertada. Mostra que estamos plantando segurança jurídica, previsibilidade”, disse.
Tebet disse ter a impressão que “o comunicado é feito por um órgão, enquanto a ata é feita por outro”. “Vem um comunicado hard e uma ata soft. Não dá para entender, por que estressar o Brasil, criar atritos desnecessários?”, questionou.
A ministra disse ainda que, se fosse senadora, convocaria o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para prestar esclarecimento na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) caso não haja um corte da Selic em agosto. "Eu, me despindo aqui por dois minutos da minha função de ministra e voltando ao momento que fui senadora, eu, num caso desse, sem dúvida convocaria presidente do BC. Mas não acredito que será necessário", declarou.
A comissão já aprovou nesta terça, quatro requerimentos para que o chefe da autoridade monetária seja convidado novamente à comissão para prestar esclarecimentos sobre a política monetária.