Na véspera da 4ª reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom), que começa hoje e termina amanhã, o mercado financeiro ficou mais otimista com a economia brasileira e reduziu a previsão para a taxa básica da economia (Selic) para o fim do ano. Segundo o boletim Focus, divulgado, ontem, Selic deve encerrar dezembro no patamar de 12,25% ao ano. Nos últimos dois meses, a mediana das projeções do mercado para a Selic estava em 12,50%. A mudança reflete uma aposta maior para o início da queda dos juros na próxima reunião do Copom, em agosto, de acordo com analistas.
A Selic está em 13,75% ao ano desde agosto de 2022. Mesmo com a percepção de melhora, a curto prazo, dos indicadores econômicos, existe um consenso no mercado financeiro de que o Copom ainda não deve alterar a Selic. Para o economista Benito Salomão, professor da Universidade Federal de Uberlândia, o tom ainda mais duro na última ata do Copom, em maio, aplacou as chances de queda no encontro desta semana. "As condições de queda da Selic já estão postas. O que eu acredito que vai acontecer é um anúncio, nessa reunião, no comunicado, na ata, de uma redução em agosto. O Banco Central deve mudar o tom do comunicado", afirmou. Contudo, ele considerou incerta a velocidade do ciclo de queda nos juros.
Para 2024, o mercado também reduziu a previsão da Selic no fim de 2024, de 10% para 9,5%. Em relação a 2025 e 2026, a previsão segue inalterada, em 9% e 8,75% anuais, respectivamente.
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a criticar o Banco Central ao comentar a melhora nas projeções do mercado para a Selic. "Para mim, deveria ter sido em março", disse ele, ontem, ao deixar a sede do ministério rumo ao Palácio da Alvorada, onde se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Vamos ver, vamos aguardar (a reunião do Copom)", completou o ministro.
O otimismo do mercado em relação à taxa Selic também se deve a uma perspectiva maior de crescimento da economia brasileira, segundo os especialistas. As projeções no Focus apontam para alta de 2,14% no Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, acima da taxa de 1,84% da semana passada.
Além do resultado positivo do PIB, o Focus também apresentou queda na previsão para inflação e câmbio. Segundo o relatório, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve encerrar o ano com alta de 5,12%, contra 5,42% do último boletim — mas acima do teto da meta de inflação deste ano, de 4,75%. Já o dólar comercial deve fechar 2023 cotado a R$ 5. Na semana passada, a previsão era de R$ 5,10. Segundo o analista econômico da BMJ Consultores Associados, Mauro Cazzaniga, tanto o crescimento da economia quanto a desaceleração do IPCA que, em maio, subiu apenas 0,23% — abaixo das expectativas — revelam um aumento "mecânico" nas projeções do Focus.
Embalado pela melhora das previsões, o Índice Bovespa fechou com alta de 0,93%, a 119.857. E o dólar escorregou 0,92%, para R$ 4,775, menor nível desde 3 de junho de 2022.
*Estagiário sob a supervisão de Rosana Hessel