ALIMENTAÇÃO

Preço dos ovos se mantém em alta e pesa no orçamento dos brasileiros

Produtores afirmam que o frio está causando escassez de oferta e sustentando os valores no alto

A produção de ovos no país tem diminuído nos últimos anos e uma das explicações é a queda na safra de milho de 2020/2021, por efeito da seca. A falta de chuva fez a produção dos grãos ser 16% menor do que no mesmo período do ano anterior. Outro fator meteorológico que vem mantendo o preço do ovo em alta é o frio.

Dados do Cepea revelam que o preço da caixa com 30 dúzias de ovos brancos aumentou de R$ 220,20 em 19 de maio para R$ 220,47 na sexta-feira (26/5). Já o preço do ovo vermelho passou de R$ 230,33 para R$ 230,05.

Com isso, o valor de mercado está elevado. No Pará, os consumidores já observam um aumento de 15% a 18% no valor do insumo. 

No Rio Grande do Sul, com cotações recorde, o preço do ovo branco subiu 35% em Porto Alegre. No Acre, o aumento médio pode chegar a 38% apenas neste mês de janeiro na praça de Rio Branco. Com o encarecimento das carnes, o ovo tornou-se importante proteína na refeição das famílias acreanas mas a alta desequilibra a tendência. A cartela com 30 ovos chega a ultrapassar o valor de R$ 25,00.

 O alimento, considerado prático, saboroso e bastante saudável, deixou de ser acessível. Um levantamento do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que as altas chegaram a 18% no custo do alimento na Grande Belém, com preços variando entre R$ 22,90 e 23,90.

Em Maringá, o preço da cartela com 30 unidades assusta os consumidores, ultrapassando o valor de R$ 29,90 a cartela, quase R$1,00 a unidade. No Rio de Janeiro e em São Paulo, a cartela de ovos pode chegar a R$ 31,90 para os cariocas e R$ 33,90 para os paulistas, considerados os preços mais altos em todo o país.

De janeiro a outubro de 2022, as exportações de ovos acumularam um aumento de 52,3%, totalizando US$ 19,657 milhões, em comparação a US$ 12,903 milhões no mesmo período de 2021. Além disso, o volume de ovos exportados também aumentou em 6,1%, passando de 8,148 mil toneladas para 8,649 mil toneladas, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Os Emirados Árabes são o principal destino de exportação de produtos brasileiros, com 48% da produção nacional sendo enviada para o país.

Para Fábio Pizzamiglio, diretor da Efficienza, empresa de assessoria para o comércio exterior, o Brasil pode não conseguir suprir a demanda internacional e o valor do mercado externo pode afetar ainda mais o preço do produto no país. "Embora o Brasil seja suficiente na produção de ovos e não deve sofrer escassez, os brasileiros enfrentarão o preço elevado do produto devido a diminuição da produção e, ao mesmo tempo, o valor do mercado externo", afirma Pizzamiglio.

A variação cambial também tem um impacto significativo no preço dos ovos no Brasil. Mesmo com o dólar tendo baixado nas últimas semanas, seu valor ainda afeta a economia como um todo, incluindo os encargos logísticos. De acordo com Fábio Pizzamiglio,, "vivemos em uma economia globalizada, e quando o dólar está alto, isso tem impacto no transporte, devido ao preço dos combustíveis, e esse valor elevado é repassado para o preço final dos produtos."

Além disso, a produção limitada devido à seca também complica a ampliação das vendas para o mercado externo. "Acredito que a prioridade será o abastecimento do mercado nacional e, como temos uma produção reduzida, mesmo que possamos pensar na exportação, a questão se torna complexa devido à falta de oferta", completou Pizzamiglio."

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