O governo brasileiro pretende trabalhar de forma mais estreita com os Países Baixos e a Organização das Nações Unidas (ONU), em políticas conjuntas para desenvolvimento da saúde financeira dos brasileiros e a proteção dos direitos do consumidor de produtos e serviços financeiros, de acordo com o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
A afirmação ocorreu após encontro com a rainha dos Países Baixos, Máxima Zorreguieta, que está em visita ao Brasil como enviada especial do secretário-geral da ONU, António Guterres, para a Inclusão Financeira para o Desenvolvimento, na sede da pasta. “Nós pretendemos estreitar os laços com as Nações Unidas, com e própria Holanda, uma vez que ela usa dois chapéus, como ela própria falou”, afirmou o ministro a jornalistas, nesta terça-feira (6/6) — citando o nome dos Países Baixos que os holandeses não gostam, ao lado da rainha.
“São temas que ela vem tratando diretamente, inclusive no âmbito do G20 (grupo das 19 maiores economias desenvolvidas e em desenvolvimento do planeta, mais a União Europeia). Haddad contou que apresentou para a rainha dos Países Baixos que, nesta segunda-feira (5/6), o governo anunciou o "Desenrola", programa que prevê a regularização do cadastro de pessoas que estão negativadas junto às instituições financeiras.
“Isso vai ser acompanhado de um um programa de educação financeira que é parte da saúde financeira e um elemento importante da saúde financeira. E ela nos trouxe uma contribuição muito proveitosa”, complementou. A medida provisória que trata do Desenrola foi publicada hoje no Diário Oficial da União (DOU).
Reunião "muito frutífera"
Antes do ministro, a monarca de origem argentina disse aos jornalistas que a reunião com Haddad e técnicos da Fazenda foi “muito frutífera”. “Conversamos sobre temas muito importantes, como a saúde financeira. Aqui no Brasil, há muitas pessoas superendividadas”, destacou.
Segundo Máxima Zorreguieta, o objetivo dela é trabalhar em conjunto com o governo no desenvolvimento de boas políticas públicas e focar a saúde financeira dos brasileiros em uma política pública “em coordenação com o setor privado”. Em relação ao tema de proteção dos direitos do consumidor, ela disse que é preciso uma via específica na área financeira, uma vez que não há uma agência de defesa do consumidor ampla e que conheça bem o sistema financeiro. “Esperamos continuar colaborando no futuro”, afirmou.
Segundo o ministro, “foi um prazer muito grande receber a delegação”.
Visita ao Banco Central
Nesta quarta-feira (7/6), a rainha Máxima continua em Brasília e visitará o Banco Central. O objetivo da visita será conhecer mais sobre iniciativas que promovem a inclusão financeira, como o Aprender Valor, o Pix e o Open Finance, de acordo com a assessoria do BC.
A assessoria informou que a agenda da monarca começará às 8h, quando ela visitará a Escola Classe da 312 Norte de Brasília, onde vai ouvir depoimentos de alunos e professores sobre o Aprender Valor, programa de educação financeira desenvolvido pelo Banco Central do Brasil que vem sendo aplicado na unidade educacional do Distrito Federal. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e do diretor de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta, Maurício Moura, acompanharão a monarca na visitação.
Depois, a partir das 9h, a rainha Máxima terá reuniões na sede do BC em Brasília, onde participará de uma mesa redonda com Campos Neto e demais diretores do banco.