POLÍITCA MONETÁRIA

Banco Central reforça expectativa de redução dos juros

Presidente da instituição, Roberto Campos Neto diz que Comitê de Política Monetária deixou "porta aberta" para um corte na Selic em agosto. Relatório Trimestral de Inflação traça cenário positivo da economia

Rafaela Gonçalves
postado em 30/06/2023 03:55
 (crédito: Lula Marques/Agencia Brasil)
(crédito: Lula Marques/Agencia Brasil)

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, reforçou, nesta quinta-feira (29/6), que a maioria dos integrantes do Conselho de Política Monetária (Copom) decidiu "deixar a porta aberta" para um corte na taxa básica de juros (Selic), atualmente em 13,75% ao ano, na reunião de agosto.

Ao comentar o Relatório Trimestral de Inflação, divulgado pelo BC, Campos Neto disse que a autoridade monetária está "otimista". "As expectativas estão em um caminho positivo. Estamos otimistas. Já venho falando há uns meses que a inflação tem ido para baixo e o crescimento, para cima", disse.

O relatório trouxe números que corroboram com as condições dadas pelo Copom para a queda dos juros. A projeção da inflação para 2024, horizonte com o qual o BC trabalha atualmente, caiu de 3,6% para 3,4% — ficando mais perto da meta central, de 3%. Com isso, a chance de estouro do limite superior (4,50%) se reduziu, de 26% para 21%. Quanto mais perto a inflação fica da meta, mais chances há de redução dos juros.

O relatório também destacou que a chance de a inflação oficial superar o teto da meta este ano caiu de 83%, no relatório de março, para 61%, agora em junho. Entre os fatores que motivaram as revisões para baixo, o BC listou a desvalorização do dólar e a inflação menor do que a esperada.

Campos Neto, minimizou as pressões do governo para que o BC reduza imediatamente a Selic. "Pressão faz parte desse trabalho. Poucos presidentes do Banco Central passaram por aqui e não tiveram momentos de se sentirem pressionados", declarou. Ele disse ainda que a autoridade monetária também "quer baixar os juros", mas que não pode fazer nada que desestruture o processo econômico no futuro.

Previsão de alta de 2% do PIB neste ano

O BC também revisou a projeção para o crescimento da economia neste ano para cima. A estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) passou de 1,2% para 2% em 2023, em razão de "surpresas positivas em algumas atividades da indústria e do setor de serviços".

Apesar da revisão, a autoridade monetária ponderou que a projeção é de desaceleração da atividade econômica. A forte alta da atividade no primeiro trimestre foi puxada pelo setor agropecuário, com a safra de soja, que foi recorde. "O setor deve recuar nos trimestres seguintes, contribuindo para a desaceleração do PIB", avaliou o relatório.

Documentos conflitantes

Campos Neto disse, ainda, que "não vê incoerência", entre os últimos documentos do Copom. Na semana passada, no comunicado em que explicou a decisão de manter a taxa básica de juros em 13,75%, o colegiado pediu "paciência e serenidade", dando a entender que a decisão de baixar a taxa ainda estaria distante. Na última terça-feira, a ata da reunião trouxe um cenário bem mais otimista, informando que a maioria dos membros do colegiado via chances de reduzir a Selic em agosto, se a inflação continuar em queda.

Ele explicou que o comunicado tem a função de "expressar opinião de consenso", enquanto a ata tem o objetivo de explicar as discussões. "Quando você tem uma situação de reunião dividida e você tem que escrever uma opinião de consenso curta, você não tem como escrever muita coisa", justificou. Reconheceu, porém, que a dissonância entre os informes geraram "bastante ruído".

 

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