Com o advento da inteligência artificial através de novas tecnologias que devem ser acessíveis muito em breve para a maioria da população, a dúvida que atinge a cabeça do trabalhador é se essa novidade resultará na consequente perda de empregos. Para o economista do IDP e pesquisador do CAPP/Universidade de Lisboa, José Roberto Afonso, essa é a “pergunta de um milhão de reais”.
Durante o seminário Correio Debate: Reforma tributária e a Indústria, realizado pelo Correio Braziliense e pelo Conselho Nacional do Serviço Social da Indústria (CN-Sesi), o pesquisador disse que encontrar uma solução para a manutenção de empregos não é um caminho simples de ser trilhado.
“Sendo franco, eu não tenho resposta pronta. Acho que esse é um desafio que está sendo colocado para vários cientistas do mundo, tem um caminho mais fácil, ou romântica, eu diria, que é ‘vamos tributar o robô’. Você vai tributar a compra, a venda, a propriedade? Pra mim, o celular é um robô. Então não é simples”, disse o economista.
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A melhor solução, na visão de Afonso, seria a adoção de um novo arranjo de proteção aos trabalhadores ou um novo pacto social, entrelaçado à reforma tributária. Na visão dele, é necessário um financiamento para concretizar essa mudança, que perpassa um simples aumento de salário. “E nesse ponto, o Brasil tem uma vantagem única em relação ao mundo e eu espero que não jogue fora”, defendeu.
Problema vindo de fora
Apesar de ser uma ideia boa no papel, o Imposto Sobre o Valor Agregado (IVA), que deve ser adotado no Brasil com a aprovação da reforma tributária, gera desafios para a nova realidade de empregos que a chamada ‘economia digital’ trouxe para o mercado. Na Europa, por exemplo, a taxação de serviços ainda é um problema, como explica o economista.
“Uma coisa é você controlar entrada e saída de mercadoria em um porto ou aeroporto físico, já o serviço você não consegue controlar. Cada um está em um canto do planeta. Aliás, hoje, tem gente que trabalha no Brasil, você pode ter um programador trabalhando no Brasil, contratado por uma empresa dos EUA, e prestando serviço para uma empresa que está na Dinamarca. Logo, onde você paga o imposto?”, indaga o pesquisador.
Diante disso, Afonso defende que quem lucra sem gerar emprego, deveria pagar mais do que quem lucra com base no emprego. “Precisamos ter um diagnóstico, precisamos entender o que está acontecendo, atualizar os nossos diagnósticos, as coisas mudaram e vão mudar em uma rapidez brutal daqui a dois ou três anos”, acrescenta.
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*Estagiário sob a supervisão de Pedro Grigori
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