A Comissão Parlamentar de Inquérito da Americanas fará a quebra dos sigilos bancários e fiscais dos ex-diretores da empresa que estão envolvidos na fraude dos balanços da companhia na próxima terça-feira (20/6). A decisão foi tomada em reunião administrativa nesta quarta-feira (14/6) após o presidente da Americanas, Leonardo Coelho Pereira, reconhecer na última terça-feira (13/6) que a crise na companhia não deve mais ser tratada como crise de inconsistências contábeis, e sim como fraude.
O CEO da empresa chegou a essa conclusão após ter acesso a relatório de investigação independente sobre as finanças da companhia. “Essas evidências que me foram trazidas ontem não mais me permitem como CEO das Americanas tratar como inconsistência contábeis”, declarou Leonardo em audiência pública na CPI.
Ainda de acordo com o executivo, diante dos novos fatos, a direção da empresa tomou novas decisões. A primeira, de demitir 30 funcionários vinculados à fraude. A segunda, de compartilhar o relatório com autoridades envolvidas nas investigações, entre elas a CPI, o Ministério Público, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a Polícia Federal.
Entre os materiais apresentados pelo executivo, duas planilhas com resultados da empresa de 2021 e projeções para 2022, as quais apresentaram resultados discrepantes para o mesmo período analisado. A planilha “Visão Interna”, apresentava prejuízos de R$ 733 milhões, já a segunda, classificada como classificada de “Visão Conselho”, apresentava lucro de R$ 2,9 bilhões. “Entre a visão interna e a visão conselho foram criados R$ 3,5 bilhões de resultado”, observou o CEO.
A CPI da Americanas tem como objetivo reunir elementos para depois ouvir os ex-diretores e as auditorias que avaliaram os balanços das Americanas. Gustinho Ribeiro, deputado pelo Republicanos-SE e presidente da CPI disse que a convocação dos diretores e auditorias acontecerá quando tiverem todos os elementos. O presidente afirmou ainda que a comissão irá se dedicar em relação aos fatos apresentados pelo CEO da empresa, e que se tornou "inevitável" e "necessária" a convocação dos agentes citados por ele. "A CPI vai buscar realmente os culpados para que a gente garanta a imagem e a credibilidade do nosso país junto ao mercado financeiro e ao mercado de capitais", afirmou o parlamentar.
Os parlamentares também devem ouvir o Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários sobre o assunto. As acusações feitas pelo atual diretor da Americanas na comissão aumentaram a pressão para a convocação do trio de acionistas de referência da empresa —os empresários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira— e representantes das auditorias. Caso comprovada o envolvimento dos ex-diretores, a CPI deverá pedir em seu relatório final o indiciamento deles.
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Falsificação de resultados e demissões
De acordo com resultados preliminares, o prejuízo financeiro da empresa saltou de R$ 20 bilhões, para o patamar dos R$ 40 bilhões. Diante disso, o relator, deputado Carlos Chiodini (MDB-SC), questionou sobre como operava o esquema de fraude na empresa.
O CEO da empresa apresentou e-mails que constam do relatório de auditoria pelo qual a manipulação das informações com as operações de fornecedores era uma preocupação de “vida ou morte” para a diretoria antiga e explicou que esse tipo de fraude destaca a redução dos custos de mercadoria vendida, aumentando o lucro de forma artificial, com uma contrapartida na redução da conta de fornecedores.
A ação se caracteriza como uma manipulação complexa, por isso, tais resultados contábeis distorcidos não eram percebidos por analistas que não tinham acesso às contas da empresa. “Por isso que nenhum investidor, nenhuma casa de financiamento no Brasil ou no exterior foi capaz de identificar essa fraude pela contabilidade”, pontuou o CEO.
*Com informações da Agência Câmara de Notícias
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