MACROECONOMIA

Haddad comemora revisão da S&P e agradece Congresso e Judiciário

O ministro da Fazenda reconhece que é um primeiro passo mas que melhora da perspectiva é resultado de harmonia entre os Três Poderes. Segundo ele, só falta o Banco Central também fazer parte desse processo de harmonização

Rosana Hessel
postado em 14/06/2023 20:15 / atualizado em 14/06/2023 20:44
 (crédito: Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda/Divulgação)
(crédito: Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda/Divulgação)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comemorou a melhora da avaliação de classificação de risco do Brasil feita pela agência norte-americana Standard & Poor 's (S&P) e aproveitou a ocasião para ser diplomático, agradecendo o apoio recebido pelo Legislativo e pelo Judiciário para conseguir esse reconhecimento internacional. Segundo ele, a harmonia entre os Poderes ajudou nessa reavaliação e agora, fata o Banco Central fazer parte desse processo. 

A S&P anunciou, nesta quarta-feira (14/6), que revisou de “estável” para “positiva” a perspectiva de classificação de risco dos títulos soberanos do Brasil em moeda estrangeira e local. A instituição, contudo, manteve as classificações do Brasil que, continua com a nota “BB+”, considerada “lixo” no mercado global.

“Eu queria compartilhar isso. Eu acho que é um passo, um passo importante, depois de quatro anos, ter uma sinalização dessas. Mas eu gostaria de compartilhar com o Congresso e com o Judiciário as iniciativas que estão sendo tomadas na direção correta, de arrumar as contas do Brasil e permitir que a gente possa avançar rumo a geração de emprego e desenvolvimento”, disse o ministro, a jornalistas, em frente à sede da Fazenda. Ele ressaltou que tem a confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à frente do cargo e conta com o apoio e a compreensão dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Segundo ele, todos “têm se sensibilizado com a agenda da Fazenda e da área econômica em geral” e, por conta disso, conseguiram essa mudança de sinal de uma importante agência de classificação de risco.

O ministro reconheceu que a S&P atribuiu a melhora das perspectivas à expectativa de aprovação da reforma tributária, ao avanço do novo arcabouço fiscal no Congresso, às medidas de reoneração e de cortes de gastos tributários em curso. “Tudo isso foi mencionado na nota e é importante que uma agência externa consiga observar esses avanços. Mas tem muito trabalho pela frente. Isso é um começo. Mas eu penso que se nós mantivermos o ritmo de trabalho das duas Casas (do Congresso) e do Judiciário, eu quero crer que nós vamos atingir os nossos objetivos”,

Tem muito trabalho pela frente. Isso é um começo, Mas eu penso que se nós mantivermos o ritmo de trabalho das duas Casas e do Judiciário, eu quero crer que nós vamos conseguir atingir os nossos objetivos”, afirmou.

O principal objetivo, segundo ele, é fazer o país voltar a crescer, e, nesse sentido, ele destacou que, desde o começo do ano, previa que o Produto Interno Bruto (PIB) poderia crescer mais de 2%, taxa cada vez mais próxima das novas estimativas do mercado. “O Brasil precisa voltar a crescer. Não tem outra alternativa. Não há solução para esse país do tamanho que ele tem sem crescimento”, frisou.
Na avaliação do ministro, a volta da harmonia entre os Poderes, que vem sendo construída pelo atual governo, contribuiu para a melhora da avaliação da S&P. “Eu penso que a harmonia entre os Poderes é que tem contribuído para esse resultado ainda modesto, mas um resultado importante, porque uma mudança de viés é uma mudança de rota. Então, isso é muito significativo”, afirmou. 

 

Queda de juros e harmonização

Ao ser questionado se essa melhora na perspectiva da avaliação de risco do Brasil pode contribuir para que o Banco Central inicie o processo de queda da taxa básica da economia (Selic), de 13,75% ao ano desde agosto de 2022, Haddad afirmou que o BC precisa se somar nesse esforço de harmonização.
“Está faltando o Banco Central se somar nesse esforço. Mas eu quero crer que nós estejamos prestes a ver isso acontecer. Na hora em que estivermos todos alinhados, a coisa vai começar a prosperar”, afirmou.

O ministro voltou a afirmar que acredita na harmonia entre as políticas fiscal e monetária desde o começo do novo governo. “Agora, concorre para que essa harmonização aconteça mais rapidamente do que o previsto. Eu penso que, seis meses atrás, ninguém esperava que nós fossemos estar na situação que nós estamos hoje. Então, nós temos uma oportunidade de ouro, de fazer uma diferença”, afirmou ele, agradecendo ao Congresso e ao Judiciário pelo apoio nas pautas econômicas.

O ministro evitou fazer críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que vem repetindo o mantra de que é preciso “paciência” para o início do ciclo de queda dos juros. “Eu quero, o quanto antes, agradecer também a autoridade monetária, que a cada declaração pública, dá demonstrações de que está sensibilizado com o clamor do empresariado, dos bancos, das agências de risco, de que é possível essa harmonia ser ainda maior”, afirmou.

O chefe da equipe econômica contou que, mais cedo, no Palácio do Planalto, participou de uma reunião do presidente Lula com representantes do varejo e a maior parte da conversa (70%) foi sobre juros. Ele ainda defendeu a liberdade de todos se manifestarem contra o atual patamar da Selic, porque isso é “liberdade de expressão”. O ministro ainda tentou comparar o incomparável, que é a taxa de juros do Brasil com a de países desenvolvidos – que possuem ratings melhores do que os do Brasil –, apesar de a inflação daqui ser menor do que a deles.

Na avaliação de Haddad, o Brasil ainda vai voltar a ter grau de investimento, mas não disse quando. Para ele, é inadmissível um país como o Brasil não ter mais o grau de investimento – que foi conquistado em 2008, no governo Lula, e perdido em 2015, no governo de Dilma Rousseff (PT), após as trapalhadas na área fiscal que custaram dois anos de recessão para o país.

O ministro ainda foi taxativo ao responder se o incentivo de R$500 milhões para compra de carros populares de até R$ 120 mil poderia ser ampliado. “Não tem margem”, frisou.

 

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