Changpeng Zhao ficou conhecido quando um dos maiores escândalos de criptomoedas do mundo veio à tona em 2022.
O fundador da Binance, a maior plataforma de negociação de moedas digitais do mundo, ganhou as manchetes dos jornais em novembro de 2022, após anunciar que cogitava comprar a concorrente FTX, que estava em colapso.
Mas Zhao logo mudou de ideia e apenas observou enquanto sua concorrente ruía, arrastando as criptomoedas para uma queda retumbante cujas marcas perduram até hoje.
Por fim, a FTX foi à falência, e seu fundador, Sam Bankman-Fried, foi indiciado pela Justiça americana por acusações criminais. Foi assim que, após o colapso da FTX, Zhao se tornou o novo "rei das criptomoedas".
Mas, em poucos meses, as autoridades americanas apresentaram acusações contra a empresa que ele dirige, alegando que a companhia operava ilegalmente no país e violava uma série de leis financeiras.
Tentando navegar nas águas tempestuosas, a Binance continuou suas operações sem grandes sustos até que, na segunda-feira (5/6), as autoridades acusaram novamente a empresa e seu fundador.
Desta vez, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês) processou a empresa e Zhao por violar as leis de investimento do país.
"Por meio de 13 acusações, alegamos que Zhao e as entidades da Binance se envolveram em uma extensa rede de trapaças, conflitos de interesse, falta de divulgação e evasão calculada da lei", declarou o presidente da SEC, Gary Gensler.
Zhao negou, por sua vez, as acusações no Twitter e afirmou que sua empresa ainda não tinha visto as acusações.
'Minha mãe e eu saímos da China'
Conhecido no meio como Changpeng "CZ" Zhao, o empresário nasceu na província chinesa de Jiangsu em 1977.
Filho de pais professores, Zhao contou em um post no blog da Binance os problemas que sua família enfrentou na China na década de 1980 — e como ele fugiu do país aos 12 anos, após o massacre da Praça da Paz Celestial.
"Em 6 de agosto de 1989, minha mãe e eu saímos da China e migramos milhares de quilômetros para o Canadá. Para quem conhece a história da China, isso aconteceu dois meses após os eventos de 4 de junho de 1989", escreveu Zhao.
"Lembro que a fila do lado de fora da embaixada canadense durou três dias", ele comentou no blog. "Isso mudou minha vida para sempre e me abriu infinitas possibilidades."
Zhao passou a adolescência em Vancouver, onde trabalhou em vários empregos, inclusive preparando hambúrguer no McDonald's.
Mais tarde, ele estudou ciência da computação na Universidade McGill, em Montreal, e depois estagiou na Bolsa de Valores de Tóquio, antes de trabalhar para a Bloomberg Tradebook em Nova York.
Alguns anos depois, Zhao voltou à China para trabalhar em empresas de tecnologia e, em 2017, fundou a Binance.
Mas o governo chinês proibiu as plataformas de criptomoedas de operar no país — e Zhao voltou a migrar, consolidando seus negócios em outras latitudes.
A Binance foi crescendo e rapidamente se tornou a maior plataforma de compra e venda de criptomoedas do mundo.
'Extensa rede de trapaças'
Mas os problemas ao longo do caminho não tardaram a aparecer. As autoridades britânicas proibiram as operações da Binance no ano passado; enquanto nos EUA, foi aberta a primeira investigação legal contra ele por supostas operações ilegais no país.
O último desdobramento que se tem conhecimento é a ação judicial apresentada na última segunda-feira em um tribunal federal de Washington.
A SEC acusa a empresa e seu fundador de administrar fundos de seus usuários de forma irregular e de mentir para investidores e reguladores, entre outras supostas irregularidades.
O processo alega que a empresa ignorou as leis de valores mobiliários dos EUA e ganhou bilhões de dólares colocando em "risco significativo" os ativos de seus clientes.
A ação legal também indica que a Binance e Zhao controlam secretamente os ativos de seus clientes, o que permite a eles mesclar e desviar fundos, e que a empresa criou entidades americanas separadas "como parte de um elaborado plano para burlar as leis federais de valores mobiliários dos EUA."
As autoridades alegam que, desde pelo menos setembro de 2019 a junho de 2022, a Sigma Chain, uma empresa de trading de propriedade de Zhao (e controlada por ele), se envolveu em operações que inflaram artificialmente o volume de negociação de títulos de criptoativos na plataforma Binance.
"O público deve ter cuidado ao investir qualquer um de seus ativos suados em plataformas ilegais", aconselhou o presidente da SEC, Gary Gensler.
Saiba Mais
- Economia Startup brasiliense de inteligência artificial é destaque em feira sul-coreana
- Economia 71% das indústrias alegam que taxas de juros dificultam empréstimos
- Economia Deflação do IGP-DI: entenda como o recuo do índice afeta o consumidor final
- Economia "Sem a reforma tributária, o país cresce pouco", diz Bernard Appy
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.