O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou que o resultado do Produto Interno Bruto (PIB), que registrou alta de 1,9% no primeiro trimestre de 2023, comprovou as projeções da Secretaria de Política Econômica (SPE) da pasta. Contudo, reconheceu que a análise do indicador de riquezas geradas pelo país merece cautela, porque o impulso do PIB veio do agronegócio, e, ao mesmo tempo, "abre uma janela" para uma mudança na política monetária.
“Nós estamos há algum tempo dizendo que o crescimento deste ano vai bater 2%. Então, está comprovando as projeções da Secretaria de Política Econômica. Mas nós devemos ter cautela também, porque o agro vem muito forte, então, temos que começar a pensar em 2024. E, para manter a economia gerando emprego, a gente vai tomar cuidado e ter clareza de que nós temos aí uma oportunidade muito boa, porque a inflação está vindo controlada, com o juro futuro caindo bastante, sensivelmente, o que abre uma janela de oportunidade importante para a política monetária”, afirmou o ministro, nesta quinta-feira (1º/6), sinalizando esperar alguma mudança por parte do Banco Central em relação à taxa básica da economia (Selic), atualmente em 13,75% ao ano.
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Banco Central
Segundo Haddad, o esforço fiscal continuará sendo feito até o fim do ano para garantir os resultados do novo marco fiscal. “Então, tudo isso vai se combinando virtuosamente para que nós possamos entrar num ciclo de desenvolvimento sustentável”, afirmou Haddad, a jornalistas, após um almoço com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
“Nós mantemos diálogo permanente com o Banco Central. Agora mesmo, conversamos longamente sobre o cenário econômico de 2023, 2024 e 2025. Nós estamos trocando impressões o tempo todo. Técnicos da minha equipe, da equipe dele, para que nós possamos fazer convergir cada vez mais os propósitos do Banco Central e da Fazenda na mesma direção”, afirmou.
O ministro não confirmou se será possível que o BC faça corte dos juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorrerá nos dias 20 e 21 deste mês.
“Não é o caso de sinalizar (corte de juros no próximo Copom). Ele (Campos Neto) nem pode sinalizar. Ele tem certos protocolos que ele tem que respeitar. Tem um colegiado de nove membros. Ele é um membro, embora seja o presidente, ele é um voto em nove e tem todo um protocolo que tem que ser respeitado. Ele não pode antecipar nem para mim nem para ninguém no mercado, nenhum político. Ele tem que manter toda a prudência nesse sentido”, afirmou.
Em relação à mudança de meta de inflação, que precisará ocorrer neste mês, na próxima reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), Haddad disse que conversou com Campos Neto sobre isso durante o almoço, mas não confirmou se haverá ou não mudança nas metas.
Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB do terceiro trimestre cresceu 1,9%, na comparação com os três meses anteriores — o melhor resultado desde o quarto trimestre de 2020. O resultado positivo do PIB surpreendeu o mercado foi puxado pelo bom desempenho do setor agropecuário, que saltou 21,6% enquanto a indústria encolheu 0,1% e o setor de serviços cresceu 0,6%.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou o bom resultado do PIB para afirmar que "o país está melhorando".
Ao ser questionado sobre a tramitação da reforma tributária no Congresso, o ministro disse que os presidentes das duas Casas do Congresso têm interesse em avançar a matéria que voltou a tramitar no Legislativo, porque ela vai “permitir que os brasileiros vivam muito melhor do que estão vivendo hoje”.
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