O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou, nesta quinta-feira (25/5), que acredita que o tema da meta de inflação será endereçado em breve.
Em entrevista à GloboNews, questionado sobre quando os juros irão cair, Campos Neto afirmou que não tem como adiantar porque essa é uma decisão de colegiado. "Sou um voto de nove", disse em referência ao Comitê de Política Monetária (Copom).
O presidente do BC reiterou que a autarquia acompanha três vetores para a decisão: inflação no curto prazo, a capacidade de o país crescer sem gerar inflação e a expectativa de inflação.
Dentro do tema das expectativas, Campos Neto reiterou que a possibilidade de alteração na meta de inflação ainda precisa ser resolvida, mas que entende que o tema será endereçado em breve.
O presidente do BC citou uma conversa que teve com o ex-presidente do Banco Central da Argentina Federico Sturzenegger sobre a mudança de meta que ocorreu no país. De acordo com Campos Neto, o objetivo da mudança era gerar flexibilidade, mas "saiu tudo do controle".
Campos Neto defendeu que o caso é uma "lição" para nós. O presidente do BC afirmou em seguida que mudanças, como a da meta ou a realidade no arcabouço fiscal, precisam ser feitas visando principalmente gerar eficiência.
"O período é de incerteza. O ideal seria não fazer nenhuma modificação em meta", afirmou. O presidente do BC também disse que a autarquia fez algum tempo sobre a possibilidade de meta contínua, que mostrava a alguma ineficiência no sistema de ano-calendário.
IPCA-15
O presidente do Banco Central afirmou há pouco que o resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) veio de fato melhor, com uma grande surpresa em vestuário e núcleos um pouco melhores.
O IPCA-15 desacelerou de 0,57% em abril para 0,51% em maio. O resultado veio aquém do esperado pelo mercado, que previa alta de 0,65%, de acordo com a mediana do Projeções Broadcast.
"A inflação tem melhorado em um ritmo lento", ponderou Campos Neto. O presidente da autarquia afirmou, porém, que apesar da desinflação mais lenta há sinais positivos à frente.
Campos Neto citou a parte hídrica, com melhora no cenário de energia, e os alimentos, com queda das commodities no atacado, que em breve deve chegar ao varejo, além do crescimento global em desaceleração.