Após três anos do pedido de devolução da concessionária, o aeroporto de São Gonçalo do Amarante (RN), nos arredores de Natal, foi arrematado pela suíça Zurich Airport International AG por R$ 320 milhões. O leilão realizado na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), na manhã desta sexta-feira (19/5), teve apenas dois interessados pelo terminal, além da Zurich, que já tem a concessão do aeroporto de Florianópolis, também contou com lances da NK 230 Empreendimentos e Participações SA.
O valor representa um ágio de 41% sobre o valor mínimo definido para o leilão de R$ 226,9 milhões, mas ainda é menor que o valor de R$ 549 milhões a ser indenizado para a antiga operadora, a Inframerica — que administra também o aeroporto de Brasília. O valor da indenização foi definida pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e serve para ressarcir a antiga concessionária pelos investimentos realizados no terminal.
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A relicitação resolve a pendência com a primeira das concessões que os operadores renunciaram a concessão em função das expectativas de movimentação e faturamento frustradas. Seguem indefinidos os aeroportos do Galeão no Rio de Janeiro e de Viracopos em Campinas (SP).
Durante a coletiva de imprensa, logo após o leilão, o ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, que estava ao lado da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, dos diretores da Zurich e da Inframerica, disse que tem confiança na capacidade da nova operadora, a Zurich, em realizar uma operação que ampliará o terminal e disse que a questão dos valores é menos importante que a qualidade do serviço ao usuário.
“O presidente Lula nos pediu para que tivéssemos agilidade. Esse processo é o primeiro no governo dele, mas também o primeiro deste novo formato. E é normal que os primeiros passos tenham alguma dificuldade, porque você está enveredando por outro rumo”, falou França quanto ao processo.
O ministro também ressaltou que os R$ 320 milhões ofertados pela Zurich vão direto para o pagamento da indenização da Inframérica, ficando a diferença de R$ 220 milhões ao encargo do governo federal concluir a indenização da empresa. França disse que o Ministério ainda negocia essa diferença com a empresa e que "a diferença a gente está pensando em ofertar em precatórios para a Inframérica", disse brincando o ministro.
A governadora Fátima Bezerra, também falou da importância do terminal para o estado. “Nosso aeroporto não é um equipamento qualquer. Ele é um equipamento fundamental para promover o desenvolvimento econômico e fomentar o turismo”, apontou.
O Aeroporto que foi o primeiro a ser concedido para a iniciativa privada, em 2011, hoje foi o primeiro a ser relicitado no Brasil. A Zurich Airport Internacional terá direitos de ampliação, exploração e manutenção do aeroporto por 30 anos, e deve receber da Inframerica a gestão até o início de 2024.
Quanto aos dois outros aeroportos, França destacou que os dois estão em fases diferentes da relicitação. Sobre o Galeão, disse que nas próximas semanas ele e o presidente da República devem se reunir com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), o prefeito da cidade do Rio, Eduardo Paes (PSD), e com diretores da concessionária do terminal, a empresa de Cingapura, Changi, para discutir uma solução para o caso.