A Petrobras confirmou ontem a mudança na política de formação de preços dos combustíveis, com o abandono da fórmula de Paridade de Importação (PPI). E anunciou também a redução, a partir de hoje, dos valores cobrados das distribuidoras pela gasolina, o diesel e o gás de cozinha. Segundo o presidente da empresa, Jean Paul Prates, no caso da gasolina, a redução será de 12,6%, o que deve se traduzir num corte do preço médio na bomba, para o consumidor, de R$ 5,49 para R$ 5,20 por litro no país. As distribuidoras e os postos, porém, têm liberdade de fixar seus preços.
No caso do diesel, a redução foi de 12,8% para as distribuidoras, o que, segundo Prates, levará o preço na bomba de R$ 5,57 para R$ 5,18 o litro. Já o gás de cozinha terá queda de 21,3%, informou. “A melhor notícia é que baixamos o valor do botijão para menos de R$ 100. É a primeira vez, desde outubro de 2021, que teremos um botijão de gás com preço médio abaixo de R$ 100”, comemorou Prates, durante entrevista coletiva.
A nova política de preços de combustíveis da Petrobras não vai mais atrelar automaticamente os valores cobrados no mercado interno à cotações internacionais em dólares, como era na PPI. Em vez disso, a estatal levará em conta também os custos internos de extração do petróleo, em reais, e passará a adotar como parâmetro o “custo alternativo ao cliente”, ou seja, o menor valor que o cliente pode pagar pelo combustível, respeitando uma margem de lucratividade da companhia.
Para o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, a nova estratégia vai dinamizar a empresa e garantir uma maior competitividade do setor de combustíveis no país. Segundo ele, a companhia deve se tornar ainda mais atrativa para os investidores “sérios, de longo prazo”.
“A nova diretriz, além de servir como uma política comercial mais adequada para competir internamente, vai tornar os preços mais atrativos para o consumidor, diminuir o impacto na inflação e ajudar o Brasil. Inclusive, sensibilizar o Banco Central para diminuir os juros”, disse Silveira.
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Volatilidade
Para Prates, o “abrasileiramento” dos preços vai garantir uma menor volatilidade dos combustíveis no mercado nacional. Ele ressaltou, contudo, que os preços internacionais vão continuar sendo uma referência para calcular os preços, mas não será a única.
“É menos sujeição à volatilidade especulativa. Nós vamos ter o efeito da referência internacional, mas ele vai estar refratado em uma série de fatores nacionais, com o abrasileiramento dos preços. Nós não estamos afastando os efeitos da referência internacional, mas estamos colocando um filtro com a capacidade que a empresa Petrobras tem de refino e de produção”, afirmou o presidente da estatal.
Com a desvalorização do petróleo nas últimas semanas, a petroleira já vinha praticando preços acima da paridade internacional, em 16% no diesel e 6% na gasolina, conforme os cálculos da Abicom, associação das 392 importadoras privadas, concorrentes da Petrobras.
Para Prates, a mudança garante à estatal poder de formar o seu próprio preço e ampliar, assim, sua base de clientes. “É nada mais do que estabelece o mundo, que é competitividade nos preços, é de forma natural”, pontuou Jean Paul Prates.
Sem detalhar exatamente quais mecanismos serão usados para calcular os preços, o executivo afirmou que os reajustes da gasolina e do diesel continuarão sendo feitos sem uma periodicidade definida, sem o repasse constante da volatilidade internacional aos valores internos.
Mercado
A nova estratégia comercial da empresa não desagradou o mercado. E, mesmo em um dia de queda no valor do barril de petróleo no exterior, as ações da Petrobras seguiram na contramão das suas congêneres, registrando uma alta de 2,49% nas preferenciais, e 2,24% nas ordinárias, na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). A avaliação é que o mercado entendeu que a mudança, não prejudicará a lucratividade da companhia.