Inflação

Queda do IGP-M segura o reajuste dos aluguéis

Indicador, que ainda é muito usado em reajustes de contratos de locação, tem queda de 1,84% em maio e de 4,47% em 12 meses, refletindo, sobretudo, retração no preço das commoditites

Raphael Pati*
postado em 31/05/2023 03:55
 (crédito: Minervino Junior/CB/D.A Press)
(crédito: Minervino Junior/CB/D.A Press)

O Índice Geral de Preços — Mercado (IGPM) apresentou nova queda em maio. Desta vez, o indicador medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) registrou deflação de 1,84%, se comparado com o mês anterior. Com isso, o índice já acumula queda de 2,58% somente em 2023, e de 4,47% nos últimos 12 meses.

O IGP-M é um indicador tradicionalmente usado para corrigir o valor dos aluguéis, bem como para atualizar contratos de concessão de serviços públicos, como pedágios em rodovias. Para os inquilinos com contratos vinculados ao IGP-M e reajuste previsto para junho, a queda do índice significa um alívio, já que o valor pago pela locação não sofrerá aumento.

Já a possibilidade de redução do valor depende dos termos do contrato. Especialistas lembram que a maior parte deles contém cláusula acordando que a correção só será aplicada quando o IGP-M for positivo.

Além disso, grande parte dos contratos, atualmente, tem como referência o índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A troca do indexador foi largamente realizada durante a pandemia, quando o IGP-M disparou, o que levaria o preço dos aluguéis para níveis não razoáveis.

Desaceleração econômica

A queda do IGP-M reforça também a tendência de baixa do IPCA, que é o indicador oficial da inflação. O economista da FGV André Braz explica que o resultado de maio reflete a queda recente no preço de grandes commodities, como milho, soja e minério de ferro. Segundo o economista, além do aumento da oferta desses produtos, a desaceleração de grandes economias, e o aumento das taxas de juros no Brasil e em outros países ajudam a explicar a queda do índice.

"A gente sabe que juro alto tem um efeito colateral de desacelerar a atividade econômica e isso também diminui a demanda por uma série de insumos, dentre eles essas grandes commodities, e esse comportamento ajuda a frear a inflação ao produtor", comentou.

Mesmo assim, o economista avalia que a queda poderia ser maior, não fosse o processo inflacionário de outros setores, como o de serviços e o de bens duráveis, que ainda seguem em alta nos preços de seus produtos.

O IGP-M é calculado por meio do comportamento de três outros indicadores: o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA); o Índice de Preços ao Consumidor (IPC); e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC). Neste mês, o IPA registrou a maior queda em toda a série histórica, ao recuar 2,72%, e contribuiu para mais um mês de queda no IGP-M. Os outros índices tiveram leve alta. O IPC subiu 0,48%, enquanto que o INCC cresceu 0,40%.

André Braz lembra que, como o Índice do Produtor responde por 60% do índice geral, a tendência é que os próximos meses ainda sejam de queda no IGP-M. "É um processo que vai durar, pelo menos, mais uns dois meses. A estimativa é de que esses preços continuem bem comportados, ainda, pelos próximos meses, aumentando a chance desse efeito também ajudar a conter a inflação ao consumidor", explicou.

*Estagiário sob a supervisão de Odail Figueiredo


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