Enquanto o governo prepara anúncio de pacote para baratear veículos para os brasileiros, nesta quinta-feira (25), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sinaliza que algumas medidas podem não ter efetividade neste ano.
“Eu realmente não sei te dizer, porque não conversei com o presidente (Luiz Inácio Lula da Silva) ainda, desde que ele foi para o Japão. Nós discutimos várias possibilidades, mas tem coisa que só dá para fazer no ano que vem. (O pacote) Pode até ser anunciado, mas só vai dar para fazer no ano que vem, em virtude das regras fiscais”, afirmou Haddad, nesta quarta-feira (24), a jornalistas, após comemorar a aprovação do novo arcabouço fiscal pela Câmara dos Deputados, ontem à noite.
O substitutivo do relator do projeto de lei que trata da nova regra que substituirá o teto de gastos (emenda constitucional que limita o aumento da despesa à inflação do ano anterior), deputado Claudio Cajado (PP-BA), foi aprovado por 372 votos a favor e 108 contrários. Analistas, contudo, alertam para o fato de que o novo teto, ainda tem regras muito frouxas.
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Dia da Indústria
O presidente Lula e o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, vão anunciar o pacote, amanhã, em evento no Palácio do Planalto, às 10h. À tarde, Lula participará do encerramento de evento da Federação Nacional das Indústrias de São Paulo (Fiesp), na sede da entidade, em comemoração ao Dia da Indústria.
O ministro e o vice-presidente devem se encontrar com Lula ainda hoje, para, possivelmente, acertarem os detalhes do pacote para veículos populares.Procuradas, a Fiesp e a Associação das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) evitaram comentar o assunto, mas deram sinais de que estão aguardando algum anúncio de Lula durante o evento de amanhã.
Nos dois primeiros mandatos, Lula negociou com montadoras para venderem um modelo básico mais popular, sem muito opcionais. A expectativa é que as fabricantes voltem a anunciar os famosos "pé de boi", sem muito opcionais para reduzirem o preço de entrada de suas linhas.
O chefe do Executivo tem reclamado dos preços dos automóveis, assim como do atual patamar da taxa básica da economia (Selic), de 13,75% ao ano, sempre que tem oportunidade. Contudo, a estratégia de privilegiar o transporte individual — de veículos automotores — enquanto o Brasil ainda tem um sistema muito ruim de transporte é considerada um tanto equivocada por alguns analistas. Eles lembram que o governo Lula está perdido neste início de governo entre agradar os mais pobres e parlamentares do Centrão enquanto corre o risco de não conseguir manter a atual estrutura de governo, apesar de ter conseguido aprovar com folga o arcabouço fiscal, por conta da iminência da Medida Provisória 1154, que trata da reformulação dos ministérios caducar em 1º de junho.
Vale lembrar que dados de um estudo recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelam que o Brasil precisará investir R$ 295 bilhões até 2042 para conseguir se igualar com os sistemas de transporte público do México e do Chile. Além disso, diante do alto endividamento das famílias, é difícil imaginar que o brasileiro vai conseguir contrair mais crédito na praça para trocar de carro que estão ficando empoeirado nos estoques das distribuidoras. Conforme levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Turismo e Serviços (CNC) quase 80% das famílias brasileiras estão endividadas.
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