CONSUMO

Preço de itens da cesta básica ainda pesa para 70% da população

O economista Leandro Rosadas explica que a sazonalidade, a economia em outros países e as variações climáticas têm afetado os preços

Fernanda Strickland
postado em 23/05/2023 18:41 / atualizado em 23/05/2023 18:42
 (crédito:  Carlos Vieira)
(crédito: Carlos Vieira)

Os preços dos produtos nos supermercados recuaram 0,94% no primeiro trimestre de 2023. Dessa maneira, o preço médio nacional da cesta caiu de R$ 752,04 para R$ 747,35. A pesquisa divulgada pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) mostra que o índice dos preços de 35 produtos, como alimentos, bebidas, carnes, produtos de limpeza, itens de higiene e beleza, tiveram uma queda de 0,62%. Segundo especialistas, mesmo com essa queda, cerca de 70% dos brasileiros acabam gastando boa parte do salário em alimentação.

Segundo a pesquisa da Abras, as principais quedas foram da cebola (36,75%), batata (11,99%), tomate (10,07%), óleo de soja (6,60), e carnes bovinas — cortes do traseiro (3,74%) e do dianteiro (2,91%) —, frango congelado (2,47%) e café torrado e moído (2,15%). No entanto, as maiores altas do trimestre são do ovo (10,33%), farinha de mandioca (7,64%), feijão (7,29%), arroz (6,05%) e leite longa vida (4,40%).

Dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) indicam que o salário mínimo ideal — para cobrir despesas com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência — deveria ser de R$ 6.571,52. A educadora financeira Aline Soaper explicou que a tendência é a desaceleração no preço dos alimentos. Entretanto, lembra que a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que cerca de 70% dos brasileiros recebem até dois salários mínimos.

“A pesquisa do Dieese mostra que o salário mínimo ideal de R$ 6.571,52, deveria ser cinco vezes maior do que o salário mínimo atual, de R$ 1.302. Já a pesquisa da Abras mostrou que mesmo com queda, o preço médio nacional da cesta seria de R$ 747,35. Ou seja, podemos dizer que com base nesse salário mínimo, o valor gasto com alimentação corresponde a quase 60%”, apontou Soaper.

Segundo a educadora financeira, é necessário ter uma estratégia na hora da compra dos alimentos, para não sair no prejuízo. “É importante, por exemplo, pesquisar os preços nos supermercados e fazer a substituição de produtos e marcas. Isso porque, várias pesquisas do próprio Dieese e da Abras mostraram uma grande variação no preço da cesta básica em supermercados da mesma localidade, por exemplo”, ressaltou. “Os preços vão continuar desacelerando, mas estamos vendo isso de forma gradual. Portanto a regra básica é: coloque no papel tudo que precisa comprar, leve calculadora e procure não passar muito tempo no supermercado para não acabar gastando mais”, pontuou Aline Soaper.

Para o economista Leandro Rosadas, as pesquisas mostram que esses trabalhadores comprometem boa parte da renda nos supermercados. “Os preços dos alimentos ainda representam um grande impacto no bolso dos brasileiros. Os alimentos ainda tendem a ficar caros por conta da sazonalidade, pela movimentação da economia em outros países e pelas variações climáticas, como excesso de chuvas ou seca, por exemplo”, disse.

Segundo Rosadas, para a maioria da população, esses fatores só são observados quando as famílias vão ao supermercado e tem que deixar produtos na boca do caixa, por que o dinheiro não vai dar para pagar. “Nos últimos anos o preço das carnes, por exemplo, impactou bastante o bolso dos consumidores. Itens como ovo e leite, que também tiveram muitas altas no ano passado, continuam com preços elevados”, analisou.

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