Varejo

Fluxo de consumidores em lojas físicas cai 8% em abril

Conforme dados do IPV, a redução pode estar atrelada aos feriados prolongados e a queda no poder de compra devido à inflação e ao endividamento do consumidor

Fernanda Strickland
postado em 23/05/2023 12:24
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

O fluxo de visitantes em lojas físicas caiu 8% em abril de 2023 em relação ao mesmo período do ano passado. É a segunda vez que esse número cai desde novembro de 2021. Em março, a diminuição foi de 12%. Em contrapartida, shopping centers registraram alta de 6%. No levantamento sobre as lojas situadas na rua, foi registrada leve baixa de 1%, enquanto os estabelecimentos de centros comerciais tiveram queda de 4%. Os dados são da pesquisa Índices de Performance do Varejo (IPV), organizada pelo venture capital HiPartners Capital & Work, em parceria com a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).

Sob a ótica das vendas, a quantidade de boletos contou com alta de 6% para lojas físicas, frente ao mesmo mês do ano anterior. A alta para lojas de rua foi de 12%, enquanto lojistas de shopping sentiram retração de 2%. Já pela visão do faturamento, houve crescimento nacional de 13%, sendo de 20% em lojas físicas situadas na rua e 1% nas situadas em shopping centers. Houve impacto, inclusive, no ticket médio nominal, com alta geral de 7%, sendo 8% para lojistas de rua e 3% para os de shoppings.

Por região

Ainda assim, a queda no fluxo de visitação em abril de 2023 em lojas físicas (8%), contra mesmo mês de 2022, foi heterogênea entre os estados. Três das cinco regiões contaram com retração: Sul (-13%), Sudeste (-10%) e Nordeste (-1%). Já Centro-Oeste (14%) e Norte (4%) apresentaram alta. O resultado ainda pode ser parcialmente explicado pelas diferenças regionais do impacto da pandemia.

Em relação ao volume de vendas, o movimento de alta (6%) para o Brasil foi generalizado entre as regiões. O destaque positivo foi o Nordeste (8%), seguido de perto pelo Norte (7%) e pelo Centro-Oeste (7%). Sobre o faturamento nominal, a maior alta também foi no Nordeste (17%), seguido pelo Norte (15%).

Por segmento

O destaque do fluxo por segmento vai para a categoria Livros, jornais, revistas e papelaria, que registrou crescimento de 31%. O setor Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos vem na sequência, com alta de 25%. Móveis e eletrodomésticos recuou 14%, e tecidos, vestuários e calçados caiu 11%.

Apesar da redução, os últimos meses vinham consolidando a retomada do setor pós-pandemia, mas o retorno da mobilidade urbana em progresso no ano passado puxou a base de comparação para cima, o que também explica, em partes, o número para este mês. Em janeiro, o volume de vendas avançou fortemente no varejo restrito (3,8%), a maior alta para o mês de toda a série histórica, iniciada em 2000.

“Apesar da diminuição no fluxo registrada em março e abril, os números das pesquisas ao longo dos últimos meses revelam a volta do setor aos patamares em que estava antes do coronavírus. Isso se reflete também nos gastos do consumidor, já que as três variáveis de valores apontam para um cenário do varejo mais aquecido este ano em relação a 2022, apesar de um crescimento menos intenso que o visto em janeiro”, explica o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Pedro Paulo Silveira.

Os dados são provenientes da FX Data Intelligence, plataforma de monitoramento da jornada do consumidor e do desempenho da operação no varejo físico, e da F360°, plataforma de gestão financeira para pequenos e médios varejistas — ambas investidas da HiPartners. O estudo é chancelado pela 4intelligence. 

“Abril foi um mês bastante impactado pelos feriados prolongados, o que reflete muito no fluxo dos estabelecimentos físicos. Além disso, antecede 'maio', que por si já é uma data bastante aquecida no calendário varejista e pode, de alguma forma, retardar o consumo de alguns itens. Ainda que haja uma queda consecutiva na visitação, a quantidade de vendas e o faturamento continuam crescendo, o que indica um comportamento de consumo mais intencional e menos por impulso, quando o estabelecimento se torna de fato um destino de compra e não apenas uma opção de lazer", afirma Flávia Pini, sócia da HiPartners.

Eduardo Terra, presidente da SBVC, reforça os desafios externos enfrentados pelo varejo este ano. “Mesmo que o IPCA tenha registrado seu menor patamar em mais de dois anos, e o Brasil esteja em vantagem em relação a outros países, existe uma desaceleração da economia puxada pela alta de juros. Além disso, a alta de preço das commodities vem impactando o valor dos produtos nas prateleiras e, consequentemente, inibindo o consumo.”

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