O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky quer marcar um encontro bilateral com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para tratar da guerra com a Rússia. A informação foi confirmada por interlocutores do Itamaraty. Ambos estão em Hiroshima, no Japão, para a reunião do G7, grupo das principais potências econômicas do mundo.
Além de Lula, Zelensky procurou o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, para encontro da mesma natureza. Tanto a Índia quanto o Brasil têm mantido posição de neutralidade sobre o conflito na Europa. A ideia do presidente ucraniano é convencer os dois países a aderirem ao grupo diplomático, que tem fornecido ajuda militar e financeira à Ucrânia desde que a Rússia invadiu o país.
Lula já sinalizou que quer criar um "grupo de paz" com países dispostos a mediar o fim do conflito. No início do mês, o assessor especial da Presidência, o ex-chanceler Celso Amorim, esteve na Ucrânia para tratar do assunto.
O professor de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP), Pedro Feliu, avaliou que a posição de neutralidade do Brasil frente ao conflito fez com que o país ficasse "sujeito à barganha" dos Estados Unidos, que tem prestado apoio à Ucrânia, e da China, aliada aos russos. "Com o Brasil sendo aceito por todos os lados, o objetivo mais pragmático é ganhar capital político para alcançar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas)", afirmou.
Em documento, divulgado ontem, a cúpula do G7 disse ser inadmissível o uso de armas nucleares pela Rússia contra a Ucrânia. "A retórica nuclear irresponsável da Rússia, o enfraquecimento dos regimes de controle de armas e a intenção declarada de implantar armas nucleares na Bielo-Rússia são perigosos e inaceitáveis", destacaram.
Em março, o governo russo voltou a lançar sobre os países ocidentais a sombra de um conflito nuclear em decorrência da guerra. Os sete países reforçaram o compromisso de alcançar um mundo sem armas nucleares e com segurança para todos. Como saída, ressaltaram a importância da transparência em relação às armas nucleares.
- Zelensky quer encontro com Lula no G7 para tentar apoio do Brasil à Ucrânia
- G7 quer ampliar influência com ampla lista de convidados, incluindo Brasil
- Lula viaja para Japão para participar de encontro da cúpula do G7
Aplicativos
Em seu primeiro compromisso, Lula se reuniu ontem com o primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese. O encontro bilateral tratou de meio ambiente e relações trabalhistas — especificamente sobre a situação dos trabalhadores de aplicativo. Os líderes conversaram sobre as preocupações causadas com as mudanças nas condições de trabalho, em momento que o Brasil vem tentando implementar uma regulação para a classe. Na Austrália foi definido um salário mínimo para trabalhadores de aplicativo.
Os dois repercutiram a reforma trabalhista na Espanha, que obriga as empresas de entrega a abrir o algoritmo dos trabalhadores para deixar mais transparente a forma como o entregador é avaliado. Outro tema discutido foi a necessidade de ampliar as relações comerciais entre os dois países.
Durante a reunião, Lula reafirmou para o premiê australiano que uma de suas prioridades é reforçar a proteção do meio ambiente e da biodiversidade e mencionou os investimentos australianos na produção de hidrogênio verde no Ceará. A pauta ambiental deverá estar no centro das discussões durante o evento. Existe a expectativa de que Lula tente convencer os demais países do G7 a fazerem doações ao Fundo Amazônia, criado em 2008 com o objetivo de financiar ações de combate ao desmatamento e desenvolvimento da região.
Saiba Mais
- Economia Feijões considerados impróprios para consumo são recolhidos; veja quais
- Economia IBC-Br: atividade econômica cresce 2,41% no primeiro trimestre de 2023
- Economia Haddad diz que discutir política monetária não é afrontar o BC
- Economia Marinho confirma concurso para auditores fiscais do trabalho ainda em 2023
- Economia Passado período de distanciamento social, compras on-line ainda seguem em alta
Segurança alimentar
Esta é a primeira vez, desde 2019, que um mandatário brasileiro participa das reuniões do G7. A participação do Brasil, que foi como convidado, começa oficialmente neste sábado com duas sessões de debate. Uma delas vai tratar da cooperação entre os países para evitar crises, com foco na segurança alimentar, uma das bandeiras de Lula . Ao longo do dia ele também terá reuniões reservadas com pelo menos seis autoridades.
No domingo, o presidente participa da última sessão da Cúpula do G7 e fará reuniões reservadas com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e com os primeiros-ministros da Índia e do Vietnã. No final da tarde, se encontra com empresários japoneses e, na segunda-feira, conversa com jornalistas antes de retornar ao Brasil.
G7 quer ampliar influência com ampla lista de convidados, incluindo Brasil
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.