A Petrobras confirmou, por meio de um comunicado emitido ontem, que, no início desta semana, serão discutidas alterações em sua política de preços. Segundo a estatal, as mudanças "serão analisadas pela diretoria executiva da companhia e poderão resultar em uma nova estratégia comercial para definição de preços de diesel e gasolina".
A estatal explicou, ainda, que as mudanças podem impactar os valores do diesel e da gasolina. "A companhia esclarece que eventuais mudanças serão pautadas em estudos técnicos, em observância às práticas de governança e os procedimentos internos aplicáveis. Fatos julgados relevantes sobre o tema serão tempestivamente divulgados ao mercado", observou.
Na última sexta-feira, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, já havia adiantado, sem dar detalhes, que a companhia anunciaria nova estratégia comercial de preços dos combustíveis nesta semana. "Paridade internacional não existe. O que existe é paridade de importação. Não vamos perder venda, teremos preço atrativo para clientes", defendeu. "Semana que vem vamos falar de preço. Há chance de reajuste na semana que vem, para fazer uma avaliação em alguns combustíveis. Mas não vou dar spoiler", disse Prates, durante entrevista coletiva para comentar os resultados financeiros da empresa no primeiro trimestre do ano.
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Segundo Prates, o atual critério dos preços vai ser de estabilidade versus volatilidade. "Não precisamos voltar ao tempo em que não houve nenhum reajuste, como em 2006 e 2007, mas também não precisamos voltar à maratona de 118 reajustes no ano em um único combustível, como em 2017, o que levou à greve dos caminhoneiros", disse, durante a entrevista.
A nova política comercial não foi explicada, mas Prates, por diversas vezes, avisou que pretendia reavaliar a Política de Paridade de Importação (PPI), que vincula os preços internos dos combustíveis ao mercado externo. A idéia, disse, era aumentar a presença da produção interna na matriz de cálculo dos produtos. Atualmente, o valor do combustível segue a cotação do petróleo, em dólares, no mercado internacional. Isso significa que a valorização do barril de petróleo e/ou da moeda norte-americana acabam gerando reajustes nos preços dentro do Brasil.
Adotada para reverter o vultoso endividamento da Petrobras gerado pelo escândalo do "petrolão", a PPI sempre foi criticada cada vez que os preços dos combustíveis aumentavam. O então presidente Jair Bolsonaro (PL) nunca poupou críticas à Petrobras, no que foi seguido pelo sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Durante a campanha eleitoral, Lula afirmou que petendia "abrasileirar" o preço da gasolina caso fosse eleito. "Eu quero dizer em alto e bom som. Eu sei que o mercado fica nervoso quando eu falo, mas eu quero que eles pensem o seguinte: nós vamos abrasileirar o preço da gasolina. O preço vai ser brasileiro, porque os investimentos são feitos em reais. A gente vai tirar gasolina, vai aumentar a capacidade de refino", afirmou.
Segundo Lula, não tem sentido o Brasil adotar as cotações internacionais para definir o preço dos combustíveis internamente. "Se o Brasil tivesse que importar petróleo, tudo bem que a gente está importando a preço internacional. O que esses malandros fizeram? Esses malandros estão destruindo a Petrobras, fatia por fatia. Na hora que eles privatizaram a BR (Distribuidora), apareceram nesse país 432 empresas que estão importando gasolina dos Estados Unidos, importando a preço do dólar. E aí o preço é internacional. Aí quem paga é o nosso companheiro com o carro, que tem um caminhão, são os caminheiros brasileiros, são os pobres que têm um carro", declarou.
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