MOBILIDADE URBANA

Brasil precisa investir R$ 295 bi até 2042 para se igualar a México e Chile

Estudo da CNI sobre mobilidade urbana revela a necessidade de, pelo menos, R$ 295 bilhões em investimentos para o Brasil ter uma estrutura com o padrão de México e Chile

Rosana Hessel
postado em 12/05/2023 16:52
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

O Brasil precisa investir R$ 295 bilhões até 2042 em infraestrutura de mobilidade urbana nas 15 principais regiões metropolitanas do país para conseguir se equiparar à infraestrutura de transportes desses municípios ao padrão da Cidade do México e de Santiago, referências na oferta de transportes urbanos na América Latina. Essa é a conclusão de um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) Mobilidade Urbana no Brasil: marco institucional e propostas de modernização, divulgado nesta sexta-feira (12/5).

Desse valor estimado para a modernização da mobilidade urbana no país, R$ 271 bilhões precisam ser destinados para a expansão de linhas de metrô. Esse montante equivale ao necessário para mais do que dobrar a extensão da malha existente. Em seguida, estão os investimentos para ampliação das estruturas de rede de trens (R$ 15 bilhões) e de sistema de ônibus de trânsito rápido (BRTs) (R$ 9 bilhões).

De acordo com a publicação de 98 páginas, esse volume de investimentos seria suficiente para construir nada menos do que 548,3km de linhas de metro, 51,4km de trens e 763 148,6km de BRTs, e, assim o país passaria a ter 936km de metrô, 781,9 de trens e 756,3km de BRT. Contudo, as estimativas não consideram, por exemplo, uma ampliação do metrô de Brasília, um dos menores do país e que poderia ser ampliado para melhorar a qualidade do transporte público na capital federal que tem apenas 41km de linhas de metrô, enquanto São Paulo tem 370km.

Conforme o documento, para assegurar um sistema mais eficiente, inclusivo e equitativo, além de sustentável do ponto de vista econômico-financeiro, o país necessita mobilizar recursos da ordem de 0,10% a 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB) anualmente por duas décadas, a partir de 2023. “Um gasto de 3% do PIB seria factível considerando sua diluição ao longo de 20 anos ou um investimento anual na ordem de R$ 14,75 bilhões (cerca de 0,12% do PIB) entre 2023 e o ano-meta, 2042”, destacou o documento. Segundo o texto, com isso, seria necessário, pelo menos, dobrar o nível de investimento anual realizado nos últimos cinco anos durante as próximas duas décadas, considerando que as estimativas de investimento abarcam o conjunto das cidades, mais além das 15 regiões metropolitanas.

“Os resultados permitem inferir que, enquanto a Cidade do México e Santiago expandiram progressivamente o transporte público coletivo, sobretudo sob a forma de metrô, que é considerado uma categoria mais dinâmica no transporte urbano de alta capacidade, o Brasil privilegiou os modais motorizados, assim como o transporte sob trens”, destacou o texto.

O estudo da CNI também apontou que 74% dos 116 municípios brasileiros com mais de 250 mil habitantes cumpriram os prazos estipulados pela Lei de Mobilidade Urbana, que estabeleceu que essas cidades elaborassem e aprovassem um Plano de Mobilidade Urbana (PMU) até abril do ano passado. A mesma lei determinou que todos os municípios com população entre 20 mil e 250 mil pessoas apresentassem um PMU até 12 de abril de 2023. Das 1.908 cidades nessa situação, apenas 13% atestaram – até setembro do ano passado – ter um plano de mobilidade, de forma que 87% desses municípios teriam um horizonte pequeno (até abril deste ano) para elaborar e aprovar um plano municipal e, portanto, garantir o financiamento de projetos do setor.  “É importante assegurar que municípios sem plano não recebam financiamento federal per capita superior ao das cidades com planejamento aprovado”, disse Wagner Cardoso, gerente-executivo de Infraestrutura da CNI, em comunicado da entidade.

 

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