Além de referendar a liminar do ministro Gilmar Mendes, que suspendeu a "presunção de boa-fé" do comércio do ouro, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou um prazo ao governo federal para estabelecer novas regras para o setor. Conforme entendimento da Corte, o Executivo terá 90 dias para apresentar nova regulamentação de fiscalização no comércio do metal e impedir o garimpo ilegal, especialmente em áreas de proteção ambiental e nas terras indígenas.
O mecanismo protege compradores do metal de punições por adquirirem ouro extraído ilegalmente. Por exemplo, se uma empresa compra o minério e o vendedor alega que a origem é legal, mesmo se for provada irregularidade da extração no futuro, o comprador não pode ser punido. Segundo o governo federal, que investiga os esquemas de garimpo, criminosos se beneficiavam dessa regra para "esquentar" o produto, removendo indícios de ilegalidade.
Gilmar Mendes suspendeu a presunção de boa-fé no mês passado, e os outros nove magistrados referendaram a decisão, em sessão virtual que durou entre 21 de abril e 2 de maio. A Corte analisou duas Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs), ajuizadas pelo PSB, Rede e PV. Mendes, que relata as ações, considerou que a norma não condiz com o dever constitucional de proteção ao meio ambiente, e argumentou que a simplificação do processo de compra venda fortalece o comércio ilegal.
O ministro também destacou que as ações dos partidos foram corroboradas pelo governo federal, em dados da Advocacia-Geral da União (AGU). "É preciso que esse consórcio espúrio, formado entre garimpo e organizações criminosas, seja o quanto antes paralisado", frisou.
Medida provisória
O governo já trabalha em uma nova regulamentação para o comércio de ouro. O Ministério da Justiça e Segurança Pública finalizou uma Medida Provisória (MP) que endurece as regras para compra e venda, visando combater a extração ilegal. O texto já foi assinado pelo chefe da pasta, Flávio Dino, e aguarda aval da Fazenda e da Casa Civil, antes de ser assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Além de remover a presunção de boa-fé da legislação, a medida fortalece o controle feito pela Agência Nacional de Mineração (ANM) e prevê pena de apreensão e perdimento em caso do descuprimento das regras, bem como a possibilidade de punir todos os elos da cadeia o ouro, e não apenas quem realiza o garimpo ilegal na ponta. A MP passa a valer assim que for assinada por Lula e publicada no Diário Oficial da União (DOU), mas precisará ser aprovada pelo Congresso em um prazo de 120 dias para continuar a valer.
Saiba Mais
- Economia Poupança tem 4º mês seguido de perdas, com saques de R$ 6,2 bi em abril
- Economia Financiamento para empresas que exportam para Argentina é negócio de risco
- Economia Governo apresenta projeto de lei que restabelece voto de qualidade no Carf
- Economia Ministério da Agricultura confirma R$ 200 milhões para complementar Plano Safra 2022/2023
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.