Defensor do teto de gastos, o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, fez duras críticas ao novo arcabouço fiscal, que irá substituir o mecanismo para limitar o crescimento das despesas públicas à inflação. “A aritmética não fecha, não é suficiente zerar o [deficit] primário. Porque zerando o primário significa que vamos está tomando dinheiro emprestado para pagar os juros e o juro é esse que a gente conhece. É fundamental caminhar na direção de um saldo primário maior. A aritmética simplesmente não fecha”, disse durante sessão no Senado, nesta quinta-feira (27/4).
Fraga participou de uma audiência pública para discutir a taxa de juros, inflação e o crescimento econômico. O convite foi feito pelo presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e contou, inclusive, com a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, da ministra do Planejamento, Simone Tebet, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
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O ex-presidente do BC afirmou que se ano passado foi o ano da democracia, esse é o ano da economia e completou: “Eu digo isso porque, na minha avaliação, do jeito que as coisas andam, nós estamos arriscados a desembocar em um grande fiasco e já daqui a pouco abriremos outra vez a discussão sobre a nossa democracia. Vossas excelências têm poder de virar esse jogo.”
Em sua fala, o economista defendeu também o regime de metas de inflação e disse que é preciso reconhecer o amparo histórico. “O colapso fiscal de 2014 e 2015 levou a uma gigantesca recessão”, lembrou Fraga, que sugeriu que o Banco Central está sobrecarregado. “Acho que devemos estar nesse momento, que considero difícil, olhar no médio e longo prazo, com sangue frio e com a confiança, de que acertar essa área é fonte de crescimento”, disse.